Depois de tudo, de todos os anos e de todas as vicissitudes da vida, ainda conservava a caixa, memória e espaço inócuo, estática simplesmente no tempo. Setenta e muitos anos haviam já passado! O tempo tinha exercido sobre ele o efeito que faz uma gota de água repetidamente numa rocha — e ele não tinha a porosidade dura da pedra… Pois os lustros foram passando, lentamente, e, com o decorrer do tempo, cada vez mais alheio, a vida continuou. Mais algum pouco que meio século e o momento era exacto: sobrara apenas, e já muito, a caixa com o ás de copas gravado no metal da tampa. Mais que envelhecido, apodrecido, mas tendo em si a nostalgia da vida, pegava, trémulo, na caixa selada por fita-cola preta. A sua mulher, vaga memória, permanecia sempre nos seus gestos como parte de si, mas desapercebida. Os filhos, todos marcados pela morte, estavam enterrados no fundo da sua alma. Não estavam mortos para ele, mas sim adormecidos nos confins da eternidade. Um dia pedira a sua mãe afincadamente
Memórias de Manuel Alegre? Vamos a ver se ele tem memória de tudo, quando foi governante e fechou o jornal O Século com as consequências humanas e trágicas que isso teve.
AntwortenLöschenQuando, em 1977, o jornal O Século teve a sua última edição, havia a esperança de que o fecho não fosse definitivo. Manuel Alegre, na altura, secretário de Estado da Comunicação Social, tinha anunciado uma suspensão de três meses para estruturar o funcionamento do histórico diário, que nasceu a 4 de Janeiro de 1881, por Magalhães Lima, Grão Mestre da Maçonaria.
LöschenApós décadas de dificuldades económicas, O Século tinha sido nacionalizado no período pós-revolucionário. As consequências incluíram “a perda da independência do periódico, as lutas internas político-partidárias, a situação de agravamento económico da empresa, com um acentuado decréscimo de vendas do jornal e restantes publicações, um aumento indireto das dívidas ao Estado”, segundo descrito na DigitArq, plataforma online do Arquivo Nacional/Torre do Tombo.
Apesar do que havia sido inicialmente estipulado, a empresa pública que detinha o título foi extinta em 1979, sob forte contestação dos trabalhadores. Mesmo assim, alimentava-se a narrativa de que a reabertura seria possível, mas apenas nas mãos de privados, conforme noticiado pela RTP. Tal nunca chegou a acontecer.
Pergunta ao vento que passa
AntwortenLöschenNoticias do teu País
E o vento cala a desgraça
E o vento nada te diz
O país onde nasci
LöschenO. país que eu escolhi
São países com grandes poetas 🌷
Meu conterrâneo e grande poeta.
AntwortenLöschenO JL também foi companhia por muitos anos.
O JL também foi minha companhia por muitos anos.
LöschenAssim como a poesia de Manuel Alegre.
Um grande poeta com defeitos e virtudes como qualquer ser humano. Gosto da sua poesia.
AntwortenLöschenVotos de um dia feliz
Todos os seres humanos têm pés de barro.
LöschenMesmo os grandes poetas como Manuel Alegre.
Também te desejo um dia muitíssimo feliz 🌷
Quem me dera ter pés de barro no sentido literal do termo... é que os meus tornozelos estão negros e a abrir em ferida. Com pés de argila ou terracota, seria uma biónica, mas uma biónica artesanal ;)
LöschenAbraço, Teresa!
Os meus pés foram feitos para caminhar …
LöschenAbraco-a, Maria João, desejando-lhe rápidas melhoras.
Uma carícia para a Mistral 🐱
Independentemente do seu valor como poeta, que tem, não o compro nem por 'dez tostões'.
AntwortenLöschenNão é de confiança. O PS que o diga.
Um abraço, Teresa.
A Comissão Nacional aprovou no dia 31 de Janeiro de 2024, em Coimbra, a eleição de Manuel Alegre como presidente honorário do Partido Socialista, uma distinção que foi saudada pelo Secretário-Geral, Pedro Nuno Santos, como uma “justa homenagem a um dos nossos maiores”.
LöschenAbraço forte da amiga de longe 🌷
Um grande poeta e um lutador pela democracia.
AntwortenLöschenTambém gosto da suavprosa.
Cometeu erros porque errar é humano.
Abraço
Muitos dos poemas de Manuel Alegre são hinos à liberdade, versos de protesto contra o regime salazarista, que desde sempre combateu. Da sua vasta obra poética começada em 1960 e distinguida em 2017 com o Prémio Camões.
LöschenBoa noite em prosa e verso 🌷