Talvez um intervalo cósmico a povoar, sem querer, a vida: talvez quasar que a inundou de luz, retransformou em matéria tão densa que a cindiu, a reteve, suspensa, pelo espaço – Eram formas cadentes como estas: Imagens como abóbadas de céu, de espanto igual ao espanto em que nasceram as primeiras perguntas sobre os deuses, o zero, o universo, a solidez da terra, redonda e luminosa, esperando Adamastores que a domestiquem, ou fogos-fátuos incendiando olhares, ou marinheiros cegos, ávidos de luz, da linha que, em compasso, divide céu e mar Quasar é pouco, porque a palavra rasa o que a pele descobriu. E a pele também não chega: pequeno meteoro em implosão Estátua em lume, talvez, à espera, a paz (ainda que haja ausente crença ou fé), e, profano, o desenho desses estranhos bichos, semi-monges, malditos, deslumbrados, e uma visão, talvez, na penumbra serena de algum claustro Talvez assim tivesse algum sentido