Sexo com o seu próprio passado




„Se não escrevo as coisas, elas não encontram o seu fim, são apenas vividas”

Uma mulher na casa dos cinquenta envolve-se com um homem quase trinta anos mais novo. Essa relação fá-la regressar a uma cidade do seu passado e ali, entre o entusiasmo do enamoramento, com os seus jogos de sedução e prazer, e os estigmas gerados pela diferença de idades e de posições sociais, é levada a refletir sobre a rapariga «escandalosa» que foi, menina da província, de um meio que já não é o seu e que agora, com estranheza, reconhece no outro. Publicado em 2022, meses antes de ser distinguida com o Prémio Nobel de Literatura, O Jovem é um texto-chave na obra de Annie Ernaux, uma pequena joia finamente cinzelada sobre o tempo e a escrita.

„Com ele, percorria todas as épocas da vida, da minha vida.“


Annie Ernaux nasceu em Lillebonne, na Normandia, em 1940, e estudou nas universidades de Rouen e de Bordéus, sendo formada em Letras Modernas. É actualmente uma das vozes mais importantes da literatura francesa, destacando-se por uma escrita onde se fundem a autobiografia e a sociologia, a memória e a história dos eventos recentes. Galardoada com o Prémio de Língua Francesa (2008), o Prémio Marguerite Yourcenar (2017) e o Prémio Formentor de las Letras (2019) pelo conjunto da sua obra, destacam-se os seus livros “Um Lugar ao Sol” (1984), vencedor do Prémio Renaudot, e “Os Anos” (2008), vencedor do Prémio Marguerite Duras e finalista do Prémio Man Booker Internacional.

Kommentare

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    1. Teresa Palmira Hoffbauer2/02/2024

      Sexo, tempo e memória.

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    2. Ou muito me engano ou este é um autor com Prémio Nobel que será esquecido. Será uma questão de tempo.

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    3. Digo autor e não autora para referir, de uma maneira geral, todos os escritores premiados.

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    4. Teresa Palmira Hoffbauer2/02/2024

      Annie Ernaux: Escreve para vingar seu próprio sexo
      Nos seus livros, ela reflete o papel da mulher.
      Agora Annie Ernaux foi a primeira mulher francesa a receber o Prédio Nobel de Literatura.

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    5. Provavelmente todos os escritores e poetas premiados serão esquecidos.
      O nosso único Nobel de literatura: José Saramago também será esquecido para a felicidade dos futuros alunos portugueses.

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    6. Quando diz que "Saramago será esquecido para felicidade dos futuros alunos portugueses" demonstra um certo azedume político conjuntural e também lhe retira o direito intelectual de dizer de Saramago "nosso" Nobel.

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    7. Teresa Palmira Hoffbauer2/02/2024

      O Luís leva tudo para o campo político. Provavelmente, eu conheço a obra do “seu” Nobel mais profundamente do que a maioria dos comunistas.
      O que eu queria dizer, é que a geração digital somente lê Saramago, se for leitura escolar. Perguntei a um jovem português o que ele andava a ler no liceu. Ele respondeu-me que era um livro muitíssimo chato de um escritor já morto. Ele não se lembrava, nem do título do livro, nem do nome do autor. O livro era Os Maias: Cenas da Vida Romântica do meu deus da Literatura Portuguesa. Esse jovem é um ás de matemática.

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  2. Fez-me lembrar o de Niro.
    Pai aos oitenta.
    Enfim...
    Bfds

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    1. O velho e ingénuo de Niro acredita que é o pai da criança.
      Annie Ernaux queria sexo, não queria filhos.
      Ela descreve uma relação que durou cinco anos com uma frieza incrível.

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  3. É muito audaciosa nas suas descrições.

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    1. Teresa Palmira Hoffbauer2/02/2024

      Annie Ernaux descreve-se como uma "etnógrafa de si mesma“
      Uma característica do estilo de escrita da escritora francesa é que ela combina memórias pessoais com acontecimentos político-sociais e procura algo universal nas memórias pessoais da sua própria origem social e ascensão social.

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  4. Em Portugal saíu com o título "Uma Paixão Simples".
    Para ser franca não gostei, nem considerei uma Paixão Simples, era apenas sexo e apenas sexo nunca me cativou.
    Por acaso estava para falar de dois livros dela mas com a minha preguiça habitual, vou deixando correr o tempo.

    Abraço

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    1. Teresa Palmira Hoffbauer2/02/2024

      „Uma Paixão Simples“ e „O Jovem“ são dois livros.

      Uma mulher culta, independente e divorciada vive uma paixão empolgante, obsessiva, com um homem casado, estrangeiro e mais jovem. Por quem espera, dia após dia, revelando a si própria a consciência de que “não tinha nenhum futuro a não ser o próximo telefonema a marcar um encontro”. Vivendo entre a felicidade e a dolorosa solidão questiona-se, ao ver outras mulheres, “se elas tinham, como eu, sempre um homem na cabeça, se não, o que é que faziam para viver assim”.

      Enquanto que „ O Jovem“ é a relação com um pobre estudante francês.

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    2. Peço desculpa pela confusão.
      Pelos vistos a senhora gosto do tema!

      Abraço

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    3. Teresa Palmira Hoffbauer2/02/2024

      Leo, não é caso para pedir desculpa.
      Com a sexualidade, começa um confronto de força entre o homem e a mulher, que no século XXI é tão actual quanto na França da década de 1960. Embora nem todas as mulheres sejam tão sensíveis quanto Annie Ernaux, é exatamente aí que reside a sua força feminina.

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  5. Pode ser interessante mas não faz o meu género de leitura.
    Beijos e um bom dia

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    1. Teresa Palmira Hoffbauer2/02/2024

      Annie Ernaux recebeu o Prémio Nobel pela sua coragem e perspicácia clínica, com a qual ela descobre as raízes, a alienação e as restrições coletivas das memórias pessoais.

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  6. Tenho ali um na prateleira para ler mas é " os anos" pois recomendaram-me começar por ele. Tenho curiosidade, mas já gostei de ler alguns Nobel e outros não.

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    1. Teresa Palmira Hoffbauer2/03/2024

      Nobel ou não Nobel
      Não é aqui a questão

      Annie Ernaux: Os Anos
      Infância no pós-guerra, crise da Argélia, carreira na universidade, escrita, casamento precário, maternidade, o ano de 1968, doenças e perdas, a chamada emancipação da mulher, França sob Mitterrand, as consequências da globalização, o próprio envelhecimento. Com base em fotografias, memórias e registos, palavras, melodias e objectos, Annie Ernaux visualiza os anos que se passaram e olha para a sua vida de uma maneira fascinante — a nossas vidas, a vida.

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