Depois de tudo, de todos os anos e de todas as vicissitudes da vida, ainda conservava a caixa, memória e espaço inócuo, estática simplesmente no tempo. Setenta e muitos anos haviam já passado! O tempo tinha exercido sobre ele o efeito que faz uma gota de água repetidamente numa rocha — e ele não tinha a porosidade dura da pedra… Pois os lustros foram passando, lentamente, e, com o decorrer do tempo, cada vez mais alheio, a vida continuou. Mais algum pouco que meio século e o momento era exacto: sobrara apenas, e já muito, a caixa com o ás de copas gravado no metal da tampa. Mais que envelhecido, apodrecido, mas tendo em si a nostalgia da vida, pegava, trémulo, na caixa selada por fita-cola preta. A sua mulher, vaga memória, permanecia sempre nos seus gestos como parte de si, mas desapercebida. Os filhos, todos marcados pela morte, estavam enterrados no fundo da sua alma. Não estavam mortos para ele, mas sim adormecidos nos confins da eternidade. Um dia pedira a sua mãe afincadamente
Lindo de ler e imaginar sem dúvida alguma. Os olhos dos animais, em particular do cão, para os seus donos, deitam chispas de um AMOR único.
AntwortenLöschenUma semana feliz
Concordo absolutamente com o teu comentário.
LöschenQuem será capaz de decidir qual chama brilhou no cachorro e qual brilhou em Ivan Sergejevich Turgenev?!
Uma noite feliz!!
Olá, Teresa :)
AntwortenLöschenAs gavetas da minha casa encantada deram lugar ao Entre Margens. É a casa de sempre, mas o endereço mudou para: https://andreiapmorais.blogspot.com
Os animais têm sempre um olhar tão puro!
“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento.
LöschenMas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.”
Bertolt Brecht
Abraço-te, Andreia, das margens do rio Reno 🌊
O quadro, o quadro dispensa qualquer palavra.
AntwortenLöschenAndrei Kurnakov na maioria das vezes retratava a beleza e o espírito da região de Oryol. Uma série de retratos dos contemporâneos do artista retratando pessoas de diferentes profissões é amplamente conhecida: cientistas, médicos, trabalhadores e assim por diante. O quadro de Ivan Sergejevich Turgenev é lindíssimo.
LöschenSó quem nunca conviveu com cães pode discordar do escritor.
AntwortenLöschenMinha amiga, beijinho do lado de cá da Europa.
O nosso Caldor 🐶 também concorda com Ivan Sergejevich Turgenev.
LöschenAgradeço e retribuo o teu beijinho cá das margens do rio Reno.
O quadro diz muito.
AntwortenLöschenUm abraço
O quadro diz que são dois pares de olhos iguais que estão voltados um para o outro. E em cada um desses pares de olhos, no do animal e no do homem — o mesmo instinto de vida se abraça com o do outro.
LöschenAbraço da amiga da aldeia do Düssel 🐶 com o Caldor.
Um momento poético.
AntwortenLöschen“A morte voa, balança sua asa gelada e enorme ... Acabou!”
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