“Último Olhar”



“Último Olhar” sucede a “Cebola Crua Com Sal e Broa” (2018), obra com a qual o autor revisitou os seus tempos de infância. 
O muito aguardado novo romance de Miguel Sousa Tavares, após oito anos de interregno, atravessa o século XX, da Guerra Civil Espanhola ao Holocausto, culminando nos dias da pandemia causada pelo devastador SARS-CoV-2. Não é uma leitura para os dias quentes de verão naquelas longas horas de ócio na praia.

 Pablo tem 93 anos e uma vida imensa. Lutou na Guerra Civil Espanhola, fugiu da morte na França, sobreviveu a um campo de extermínio nazista na Áustria e depois viveu 75 anos tão feliz quanto possível -- até que uma pandemia de proporções imagináveis se alastrou pelo mundo e ele se viu abandonado abandonado num lar de idosos na Espanha. É nesse mesmo local que trabalha Inez, uma médica espanhola que deixa o seu marido e a sua casa para trás para enfrentar a nova realidade que confronta não apenas a sua profissão, mas tudo o que está à sua volta. Ao conhecer Paolo, um médico italiano que está na linha de frente do combate à covid-19, ela pouco a pouco toma dimensão de que essa nova doença é sinónimo de solidão e vai virar a vida de todos eles de cabeça para baixo. É um vírus desconhecido, que convoca cada indivíduo a enfrentar dilemas éticos a que se julgavam imunes.

Embora não seja uma obra prima, é um livro sobre uma realidade ainda muito presente, e ao mesmo tempo capaz de nos transportar para outros tempos negros da historia. 

Kommentare

  1. Gosto de MST. Quero ler esse também apesar de não ser um tema que me interesse nesta altura.

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    1. “E nesse silêncio opressivo de uma cidade sem trânsito nem sinais de vida à vista, ela detinha-se ainda nos sinais vermelhos, cumprindo um ritual sem sentido, ou talvez não, e sintonizava o rádio do carro no canal de música” (pág. 193) – esta passagem faz-me recordar as ruas da Alemanha durante o primeiro confinamento.

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  2. Um autor que não faz companhia aos outros livros da minha estante.

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    1. “Mais tarde, e durante o resto da sua vida, Pablo pensaria muitas vezes porque razão aquelas dezenas de milhares de prisioneiros, reduzidos a uma condição sub-humana e a um horizonte de vida sem esperança alguma, guardados apenas por umas dezenas de homens armados, nunca tinham pensado em revoltar-se e enfrentá-los, mesmo de mãos nuas, mesmo sabendo que muitos tombariam logo” (pág. 109)

      Após a leitura, coloquei O ÚLTIMO OLHAR de MIGUEL SOUSA TAVARES numa das estantes cá de casa. Numa das estantes da minha casa em Düsseldorf tenho Madrugada Suja e Equador.

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  3. Nunca fui fã de MDT, mas não quer dizer que o livro não seja interessante!!
    .
    O recomeço é a urgência...
    .
    Beijos. Boa noite.

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    1. “Mas, apesar de tudo, a vingança dos espezinhados é quase sempre mais complacente do que a barbárie dos seus carrascos. Talvez porque o primeiro desejo de quem sobrevive não seja o de querer matar por igual. Ou porque o sobrevivente ainda não acredite que pode vingar-se impunemente e trate ainda, e só, de gozar o facto de ter sobrevivido” (pág. 134)

      Gosto do portuense MIGUEL SOUSA TAVARES

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  4. Portuense e portista, Teresa.
    Não esquecer portista.
    Bfds

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    1. Filho da Sophia de Mello Breyner Andresen, portuense e portista e, mesmo assim, o Pedro não gosta do Miguel Sousa Tavares.

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  5. É polémico mas gostei de alguns livros dele, por exemplo Equador.

    Abraço

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    1. Teresa Palmira Hoffbauer7/22/2023

      “No dia em que o território russo for atacado e a sua sobrevivência ameaçada, Putin carrega botão. Isto não é um jogo de estratégia nem de bons contra maus. É um jogo de vida ou de morte. Não podemos ir de férias descansados. Por mais inacreditável que possa ser, houve membros da NATO dispostos a acolher já a Ucrânia e a envolver todos directamente na guerra.“

      Ainda haverá mundo daqui a um mês?
      (Miguel Sousa Tavares, in Expresso,14/07/2023)

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