Talvez um intervalo cósmico a povoar, sem querer, a vida: talvez quasar que a inundou de luz, retransformou em matéria tão densa que a cindiu, a reteve, suspensa, pelo espaço –
Eram formas cadentes como estas:
Imagens como abóbadas de céu, de espanto igual ao espanto em que nasceram as primeiras perguntas sobre os deuses, o zero, o universo, a solidez da terra, redonda e luminosa, esperando Adamastores que a domestiquem, ou fogos-fátuos incendiando olhares, ou marinheiros cegos, ávidos de luz, da linha que, em compasso, divide céu e mar
Quasar é pouco, porque a palavra rasa o que a pele descobriu. E a pele também não chega: pequeno meteoro em implosão
Estátua em lume, talvez, à espera, a paz (ainda que haja ausente crença ou fé), e, profano, o desenho desses estranhos bichos, semi-monges, malditos, deslumbrados, e uma visão, talvez, na penumbra serena de algum claustro
Talvez assim tivesse algum sentido |
Este poema não conhecia.
AntwortenLöschenPerdemos uma excelente criadora no nosso mundo das letras.
Deixei lá no meu espaço o nome de mais dois escritores alemães que também conheço.
Abraço
Sabias que a Ana Luísa Amaral era professora da Faculdade de Letras do Porto e membro do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, onde se dedicava às áreas de poéticas comparadas e estudos feministas?!
LöschenSobre os escritores alemães, que li no teu blogue, falamos mais tarde.
Sabia tudo isso!
LöschenAbraço
Desculpa, Leo, mas aproveito os comentários para fornecer alguns dados sobre a sua biografia. Receio que a nossa amiga Janita também se irrite com a minha intromissão.
LöschenNão me irritei, apenas fui lacónica!
LöschenNinguém anda por aqui para se irritar, querida Teresa, fazes bem em ser explicativa há sempre dados que falham e todos aprendemos com todos.
Abraço
Parece que engoli a colher da sabedoria, quando em vez de concordar ou agradecer os comentários, dou informações. Descendente de professores do lado materno.
LöschenFiquei surpreendida. Desconhecia que esta autora tivesse já partido e não conhecia, de todo, essa sua faceta de artista plástica, Teresa.
AntwortenLöschenAbraço!
Ana Luísa Amaral morreu na noite de sexta-feira, 5 de agosto, aos 66 anos, vítima de cancro.
LöschenQuanto à minha faceta de artista plástica, lembrei-me de uma professora de desenho, com quem tinha longas conversas sobre arte, que me dizia tristemente: „Teresinha, é uma pena que não tenhas o mínimo talento artístico.“
Nos tempos atuais seria repreensível que uma professora dissesse isso a uma aluna.
LöschenCatarina, ela disse simplesmente a VERDADE.
LöschenA minha professora de piano disse o mesmo, quando eu tinha seis anos. Verdades nunca me causaram desgosto.
: ) Não tenho mais nada a dizer sobre as nossas opiniões divergentes....
LöschenEu compreendo o teu ponto de vista, Catarina.
LöschenComo eu não tinha ambições artísticas, era somente a minha professora
que lamentava a minha falta de talento. De qualquer maneira, eu prefiro
uma verdade brutal do que uma mentira piedosa.
Nós estamos a falar sobre professores e alunos. Os professores não mentem nem desmotivam. Os professores supostamente têm uma boa capacidade de comunicação, encorajam, incentivam os alunos dando-lhe um feedback positivo. : )
LöschenAté os adultos se ressentem e podem perder um pouco da sua auto-estima com verdades “nuas e cruas”. Outros não... Eu sinto-me absolutamente à vontade para dizer que não tenho jeito absolutamente nenhum para tocar piano (ou qualquer outro instrumento). Só o oiço quando os meus filhos me vêm visitar. Em junho, quem se divertiu imenso com as teclas do piano foi o meu tesouro de dois anos. A de 4 anos observou e também tentou. São daqueles momentos que não queremos esquecer. : )
Escrevi um comentário longo. Ou me esqueci de clicar em "enviar" ou desapareceu.
LöschenPoema deslumbrante que me fascinou ler. Bela imagem que o ilustra.
AntwortenLöschen.
Feliz fim de semana… abraço poético
.
.
Ana Luísa Amaral, a poetisa mais popular de Portugal e uma das grandes poetisas do nosso tempo, nasceu em Lisboa, mas desde os nove anos que vivia no Porto e em Leça da Palmeira.
LöschenUma poesia de alta qualidade. É perante a superioridade destes poetas que nós nos achamos apenas vulgares. Terminou a sua obra em alta.
AntwortenLöschenCurvo-me à sua memória.
Curvo-me à memória de Ana Luísa Amaral como MULHER e POETA.
LöschenUma excelente tradutora também, nunca é demais recordar e que na Antena 2 da RDP conversava de forma tranquila e apaixonante com o ouvinte, confesso que era um gosto escutar a sua paixão pelas letras que navegam quase esquecidas neste estranho milénio.
AntwortenLöschenBelo post!
Desejo-lhe um bom fim-de-semana!
Muito boa tarde!
Estudiosa da obra de Emily Dickinson e referência internacional no campo dos Estudos Feministas, conta com uma importante obra realizada no campo académico, da qual se destaca o ensaio Dicionário da Crítica Feminista, em coautoria com Ana Gabriela Macedo.
LöschenGosto desta poeta, sabia que nasceu em Lisboa, e que vivia em Leça da Palmeira, mas não soube que partiu ontem. Ana Luísa Amaral foi uma da primeiras poetas que postei no "A mulher e a poesia" em 2008 e como deve saber procuro sempre a biografia das poetas que por lá estão.
AntwortenLöschenAbraço, saúde e bom domingo
Conheci a sua obra poética ainda em Portugal e adorei imediatamente
Löscheno seu tom feminino obstinado.
Fiquei com o olhar preso na criativa ilustração
AntwortenLöschennem deu para saborear o poema
mas admito que valha a pena
É difícil encontrar imagens que sintonizem com a poesia de Ana Luísa Amaral.
LöschenQuase que me envergonhei de publicar a minha imagem para ilustrar uma pérola
da poesia portuguesa.
Só agora vi a autoria da imagem. Nada desprezível, diria até que há uma intencionalidade no abstraccionismo que mostra maturidade artística. Gostava de ver mais para fundamentar esta minha ideia.
AntwortenLöschenLuís, eu sou uma nulidade no campo artístico.
LöschenA imagem é uma fotografia desfocada que eu trabalhei digitalmente.
Essa é também uma actividade artística.
Löschen