“Pelas cinco horas duma tarde invernosa de outubro, certo viajante entrou em Corgos, a pé, depois da árdua jornada que o trouxera da aldeia do Montouro, por maus caminhos, ao pavimento calcetado e seguro da vila; um homem gordo, baixo, de passo molengão; samarra com gola de raposa; chapéu escuro, de aba larga, ao velho uso; a camisa apertada, sem gravata, não desfazia no esmero geral visível em tudo, das mãos limpas à barba bem escanhoada; é verdade que as botas vinham de todo enlameadas, mas via-se que não era hábito do viajante andar por barrocais; preocupava-o a terriça, batia os pés com impaciência no empedrado. Tinha o seu quê de invulgar, o peso do tronco roliço arqueava-lhe as pernas e fazia-o bambolear a cada passo. Via-se também que não era grande caminhante, a respiração alterosa dificultava-lhe a marcha, mas galgara com coragem duas léguas de barrancos, lama e invernia. Grave assunto trouxera decerto, penando nos atalhos gandareses, por aquele tempo desabrido.“ (“Uma Abelha na Chuva“ )
Trovador da liberdade A Festa de Abril é na Universidade do Porto! No dia 25 de abril , Dia da Liberdade, recordamos Sophia de Mello Breyner Andresen e o escritor, poeta e amigo Jorge de Sena. A Nova Companhia leva a cena, na Galeria da Biodiversidade do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP), um dialogo ficcionado entre os dois escritores. Em Um País que é Noite, vamos, em conjunto, imaginar um encontro entre ambos, exatamente no dia que antecede a fuja de Jorge de Sena para o Brasil. E que local poderia ser simbolicamente mais impactante, para este encontro, do que a casa onde Sophia passava as suas férias quando criança e a inspirou para tantas das suas aventuras imaginárias? A entrada é livre, mas sujeita a inscrição através do e-mail galeria@mhnc.up.pt. Dia 26, sexta-feira… É dia de irmos ao cinema para ficarmos com Bela Vista. Ilha habitada. O documentário de Rui Rufino acompanha a reabilitação da ilha municipal da Bela Vista, na cidade do Porto, entre 2015
Associo-me à homenagem.
AntwortenLöschen„Como todos os neorrealistas, Carlos de Oliveira não queria apenas escrever o mundo; queria mudá-lo. A pobreza dos camponeses, a mortalidade infantil e a imigração, "tatuaram" a sua consciência social. "Uma abelha na chuva" é o retrato de um país oprimido.“
LöschenA reportagem é grande mas já vi uns excertos e fiquei admirada por conhecer bastantes trabalhos seus sem saber qual o seu autor.
AntwortenLöschenEu sou péssima para nomes... e quando li Carlos Oliveira, apenas me consegui lembrar do nosso amigo CBO.
Volto depois para ver o que me falta e conhecer melhor o homem e o escritor.
Beijinhos enviados em caravelas
(^^)
„Uma Abelha na Chuva“ publicado em 1953, é uma das mais conhecidas obras de Carlos de Oliveira, tanto em Portugal como no estrangeiro. Um dos romances que li mais emblemáticos.
LöschenBoa noite, Clara 🐝
Exato, essa é umas das referências que conheço! Mas se me perguntassem o nome do seu autor... eu iria "embatucar" sem saber a resposta! Ok, agora já sei! 😉
LöschenBoa noite Amiga
(^^)
Já leste o livro?! Já viste o filme?!
LöschenJá vi o filme, mas há tanto tanto tempo que a única coisa de que me lembro é que a protagonista era a Laura Soveral, a actriz portuguesa favorita da minha mãe.
Löschen(^^)
Eu li o livro, mas há já muito tempo. O filme nunca vi.
LöschenNão sou invejoso, fico com inveja de (esta) não ter sido uma iniciativa minha!
AntwortenLöschenQuase que esquecia de celebrar o centenário de nascimento do escritor português.
LöschenNão é apenas teu o esquecimento... o silêncio sobre Carlos de Oliveira (das próprias Universidades) é simplesmente criminoso."
LöschenNÃO compreendo o silencioso centenário de Carlos de Oliveira, o romancista e poeta que soube pertencer „à geologia milenar do cosmos, ao céu e à terra, ao povo e à solidão de cada homem“. E o mundo que ele desprezava continua a ignorá-lo?!
LöschenA Clara lembrou-se do mesmo que eu.
AntwortenLöschenA Clara somente viu o filme 🎥
LöschenNunca vi o filme nem li o livro. Sou mesmo um desnaturado. Começo a não me perdoar. Mas pronto. Leio muito, mas mesmo muito, embora sejam livros totalmente diferentes. Livros que versam sobre outras áreas, mas que, são tão ou mais importantes que os livros de romances, de amor, tragédia, terror, ou filmes congéneres.
AntwortenLöschenNão há machado que corte
A raiz ao pensamento
--- está tudo dito ---
Deixo um abraço sentido, apertado (que sei que gostas)
„Não há machado que corte
LöschenA raiz ao pensamento“
É uma verdade imbatível.
Desde criança que detesto beijos, abraços, apertos de mão.
A pandemia 😷 sensibilizou-me.
Desde sábado que abraço o mundo inteiro.
TUDO que publico AQUI não é uma partilha nem uma sugestão, é simplesmente aquilo que faz parte do meu quotidiano.