A poeta austríaca Friederike Mayröcker morreu em 4 de junho de 2021, aos 96 anos de idade, em Viena. Próxima ao chamado Grupo de Viena, não se filiou ao grupo, mas usava uma sintaxe anticonvencional. Conheceu o poeta Ernst Jandl em 1954, com quem viveu até a morte deste, no ano 2000. A grande dama da literatura recebeu o prémio Georg Büchner em 2001.
“Eu vivo em imagens. Eu vejo tudo em imagens, o meu passado completo, as memórias são imagens. Eu transformo imagens em linguagem subindo na imagem. Eu caminho até que se torne linguagem”
Assim descreveu Friederike Mayröcker o seu processo de trabalho.
de meus crânios brota a pirotecnia das lágrimas, o lilás enferruja-se, o ligustro sopra, a camuflagem do verão sugere temporais - coroa-de-espinhos fecunda o campo, os estorninhos caem, mosquitos zunem em meio às sarças, a florada murcha duma nuvem coroada de cerejas esverdilhas - incluindo heráldicas águias-bicéfalas em relevo - retratos em cerâmica rubra - esfarela-se o muro do cemitério apoiado apenas na sempre-viva hera - ao vento vertical quilhágil páira meu peito falconiforme a pupilar presas
Um poema da grande dama da literatura de língua alemã.
Não conheço a sua obra. Que descanse em paz
AntwortenLöschenUm beijinho em tu
“Eu vivo em imagens. Eu vejo tudo em imagens, o meu passado completo, as memórias são imagens. Eu transformo imagens em linguagem subindo na imagem. Eu caminho até que se torne linguagem”
LöschenAssim descreveu Friederike Mayröcker o seu processo de trabalho.
Também desconheço totalmente. Gostei de ler e adorei a tela! 🌹💙
AntwortenLöschen-
Um excelente fim de semana.
Beijos
Paz à sua Alma 🤍🤍
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Löschen§
a uma papoula em meio à urbe
de meus crânios brota
a pirotecnia das lágrimas, o
lilás enferruja-se, o ligustro
sopra, a camuflagem do verão sugere temporais -
coroa-de-espinhos fecunda o campo, os
estorninhos caem, mosquitos
zunem em meio às sarças, a
florada murcha duma
nuvem coroada de cerejas
esverdilhas -
incluindo heráldicas águias-bicéfalas
em relevo - retratos em cerâmica rubra - esfarela-se
o muro do cemitério
apoiado apenas na sempre-viva
hera -
ao vento vertical quilhágil
páira
meu peito falconiforme a pupilar presas
Um poema da grande dama da literatura de língua alemã.