Depois de tudo, de todos os anos e de todas as vicissitudes da vida, ainda conservava a caixa, memória e espaço inócuo, estática simplesmente no tempo. Setenta e muitos anos haviam já passado! O tempo tinha exercido sobre ele o efeito que faz uma gota de água repetidamente numa rocha — e ele não tinha a porosidade dura da pedra… Pois os lustros foram passando, lentamente, e, com o decorrer do tempo, cada vez mais alheio, a vida continuou. Mais algum pouco que meio século e o momento era exacto: sobrara apenas, e já muito, a caixa com o ás de copas gravado no metal da tampa. Mais que envelhecido, apodrecido, mas tendo em si a nostalgia da vida, pegava, trémulo, na caixa selada por fita-cola preta. A sua mulher, vaga memória, permanecia sempre nos seus gestos como parte de si, mas desapercebida. Os filhos, todos marcados pela morte, estavam enterrados no fundo da sua alma. Não estavam mortos para ele, mas sim adormecidos nos confins da eternidade. Um dia pedira a sua mãe afincadamente
Que bela forma de cantar a minha Estação favorita!
AntwortenLöschen:) ... e, no verso, esta deliciosa e inesperada anotação;
AntwortenLöschen"Tímida edição do autor"
Março 2021
Estragam-me com mimos.
AntwortenLöschenTela/flor lindíssima. O poema é soberbo e fascinante. A conjugação poética perfeita. Gostei muito.
AntwortenLöschenDeixo um beijo sedutor.
Chegou e coloriu e perfumou tudo por aqui.
AntwortenLöschen2 beijos.
Que bela poesia!
AntwortenLöschenAqui, tudo ficou ainda mais belo !
AntwortenLöschenExcelente esta publicação, parabéns a ambos.
beijinhos