Guimarães 2012 ― Capital Europeia da Cultura

A obra de Christian Boltanski (Paris, 1944) ― um dos mais conhecidos artistas franceses da segunda metade do século XX ― combina memórias e vivências, fictícias e reais, configuradas em objetos, documentos escritos e fotográficos, filmes, instalações e livros de artista. Nela a memória histórica cruza-se com a lembrança íntima e a memória individual.


Os dois trabalhos de Boltanksi agora expostos ― Dança Macabra e Último Segundo ― foram especificamente concebidos para Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura. Em Dança Macabra, um sistema mecânico faz circular pelo espaço numerosas peças de roupa, maioritariamente sobretudos e gabardinas. Há muito que Boltanski começou a trabalhar com roupa ― índice da memória e das histórias das pessoas anónimas que a vestiram. Nas suas palavras, “todas as pessoas são dignas de um monumento”.
A coreografia destas roupas num antigo espaço fabril não deixa de constituir uma convocação de histórias de um passado, assim como a projeção das memórias de cada um.
Em Dernière seconde, um cronómetro conta os segundos da existência do artista, até ao momento da sua morte. Num curioso exercício de auto-representação que desde o início marcou o seu trabalho, o tempo e a vida convergem na progressão mecânica dos números que representam uma existência.
Estes dois novos momentos da produção artística de Christian Boltanksi de novo articulam a vida e a morte na expressão singular da memória e da história que desde sempre a caracteriza.

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