As consequências da arrogância



Em 2003, os Estados Unidos declararam guerra a Saddam Hussein porque o Iraque supostamente possuía armas de destruição em massa. O ditador foi derrubado — o arsenal de armas nunca foi encontrado. Após a invasão americana, o Iraque estava à beira de uma guerra civil. As últimas tropas americanas se retiraram no final de 2011.
A guerra do Iraque não foi a única intervenção militar contra a lei ou contra um país lançada pelos EUA e os seus aliados nas últimas décadas. Kosovo, Afeganistão e Líbia formam um padrão trágico.
Mas a guerra do Iraque foi a maior, mais barulhenta e orgulhosa das derrocadas violentas da América, a mais injustificada e a menos possível de ignorar. 
O 43º presidente dos Estados Unidos, que ordenou a invasão do Iraque, não se pronunciou sobre a decisão no 20º aniversário. Agora com 76 anos, Bush parece levar uma vida de contentamento, pintando, jogando golfe, fazendo churrascos e ocasionalmente fazendo discursos pagos.  A última vez que falou sobre o Iraque em público foi por engano, num discurso no ano passado em Dallas, onde criticou a decisão de um homem de lançar uma invasão totalmente injustificada e brutal contra o Iraque.
Ele queria dizer, Ucrânia, mas fugiu-lhe a língua para a verdade.
Duas décadas depois, os EUA estão a tentar esquecer que a guerra do Iraque aconteceu.
Guerra essa, que causou a morte de centenas de milhares de iraquianos e cerca de 4.600 militares americanos, e irradiou instabilidade e terrorismo por toda a região.
Ao enquadrar a guerra na Ucrânia como uma luta entre democracia e autocracia, Joe Biden mostra que os EUA não aprenderam com o Iraque.

 



“Essa guerra só serviu para converter milionários em multimilionários. 

A guerra actual está converter multimilionários em bilionários. Chamo a isso progresso” 

Kurt Vonnegut, escritor, referindo-se, respectivamente, à Guerra do Vietname e à II Guerra do Golfo, num discurso na Universidade de Leste de Washington, em Spokane, Washington, a 17 de Abril de 2014.