»A vida é uma saudade«

1931. Com um casaco de pele roubado na sua bagagem, a estenógrafa Doris, de 18 anos, foge da província para a cidade de Berlim para evitar a intromissão do seu chefe. Numa época em que o dinheiro é escasso e o futuro parece sombrio, ela sonha em ser uma estrela de cinema.
Doris quer ser um brilho.
»Com um carro branco e água de banho que cheira a perfume e tudo como Paris.«
Ela escreve as suas experiências entre o glamour e a sarjeta, não num diário, mas numa espécie de argumento cinematográfico, numa linguagem de tirar o fôlego, cheia de sabedoria, poesia e humor. 
Como um corte de filme, ela pula de um lugar para outro e de um homem para outro.

„A garota de seda artificial“ — baseado no romance de Irmgard Keun —
monólogo com Pauline Kästner,

Pauline Kästner não é essa doce Doris de 18 como a narradora em primeira pessoa de Keun, que rouba um casaco de pele do teatro e foge da província renana para Berlim para se tornar "um glamour" lá, o que falha na realidade. Essa Doris é mais velha e uma espécie de diva chorona que fala sobre a sua vida. Não é para ser uma recitação, mas uma revista solo. Com piano. No meio, Pauline Kästner pode tocar canções como "Diamonds" de Marilyn ou "I'm your Man" de Cohen, que não se encaixam perfeitamente. Em geral, há muito pathos e gritos no show, muito longe da objectividade pontiaguda de Keun. Mas tenho certeza que alguns gostam desse jeito.
O lema secreto desta inusitada noite de jogos: »A vida é uma saudade«.
Pauline Kästner merece todos os aplausos.