TECIDOS DO CÉU





Tivesse eu os tecidos azuis e foscos do céu
Embrulhava lá a minha descrença 
E dominada pelos mitos antigos 
Tentava uma aproximação
muito longínqua,
muito incapaz,
a um deus desconhecido.
Sim, na medida em que fosse
algo diferente do deus
dos crentes da minha terra.
Uma aproximação 
em que me visse reflectida
em vários espelhos,
por secções —
e tentava extrair
daí
o máximo divisor comum.





 




Kommentare

  1. Muito bom. A descrença é um estado de lucidez não um desinteresse pelo fenómeno religioso. Gostei.

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    1. A legitimidade da minha descrença é que é um estado de lucidez não um desinteresse pelo fenómeno religioso.

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    2. O que eu queria responder, era que o Luís compreendeu a intenção do meu texto.

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  2. Poema lindíssimo. Quem diz que não sabe escrever poesia e depois "oferece" um poema destes, é de louvar e elogiar. A foto forma com o poema a conjugação poética perfeita. A harmonia entre as partes é extasiante. Desejo que essa descrença, se for a "causa" para se escrever poemas tão bonitos, que não acabe, mas sim, se eleva ao mais alto grau poético, se é que tal é possível.
    Um domingo feliz
    Beijinho desde aqui até aí.

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    1. TECIDOS DO CÉU é uma espécie de resposta ao teu comentário:

      “A descrença é meio caminho andando para a morte física, moral e intelectual”

      Como vês, Ricardo, continuo moralmente e intelectualmente forte na minha descrença.
      Retiros espirituais fazem bem a crentes, a agnósticos e a ateus.

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  3. GOSTO DA SUA SINTÉTICA POÉTICA , TERESA.
    EU, QUE VEJO TÃO MAL, CONTINUO A VER, SOBRE A MINHA CASA, UM CÉU TÃO PROFUNDAMENTE AZUL QUANTO O DA MINHA INFÂNCIA...

    FUI À VARANDA E REPAREI QUE, HOJE, ESSE AZUL ESTÁ FOSCO... ESTÁ QUASE IGUAL AO DA SUA LINDÍSSIMA FOTOGRAFIA.

    ABRAÇO

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    1. Infelizmente NÃO possuo o engenho e a arte para escrever sonetos.
      O soneto é a expressão poética por excelência.

      ABRAÇO de um domingo com céu azul pálido.

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  4. Inspiração por terras alemãs.
    Gostei!
    Abraço daqui para aí.

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    1. Nós apenas
      acreditamos
      que inventamos

      Abraço da Teresa daqui 🇩🇪 para o António daí 🇵🇹

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  5. Um texto pleno de poesia que me encantou. Ou será que devia dizer poema?
    Abraço saúde e uma boa semana

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    1. Não tenho a pretensão de escrever poesia. Escrevo simplesmente o que me vem à cabeça, instigada pela literatura — que preenche a mente.

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  6. Teresa, gostei da foto e do poema, fez-me lembrar este de William Butler Yeats.

    "Tivesse eu os tecidos bordados dos céus
    Lavrados com a prata e o ouro da luz,
    Os tecidos azuis e foscos e de breu
    Que têm a noite, a luz e a meia-luz
    Estenderia esses tecidos a teus pés;
    Mas, porque sou pobre, apenas tenho sonhos;
    São os meus sonhos que eu estendi a teus pés;
    Sê suave no pisar, que pisas os meus sonhos."

    Beijinho, boa semana !

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    1. Conheço bem a obra de William Butler Yeats (1865-1939) e, portanto, o poema

      “ELE DESEJA OS TECIDOS DO CÉU”

      Os tecidos do céu de Yeats são tecidos bordados, lavrados com a prata e o ouro da luz. Os tecidos do meu texto são de um azul fosco e de breu. Enquanto que o poeta irlandês de expressão inglesa, deseja os tecidos do céu para os estender aos pés da sua amada;
      eu quero embrulhar neles a minha descrença.

      Beijo suave não querendo pisar a sua crença, Fê blue bird 💙

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  7. Belo poema feito de um tecido diáfano!

    Abraço

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    1. Texto de um tecido diáfano e profano.

      Abraço sem pisar a tua crença, Leo 💙

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  8. Encanto de poema e imagem- A conjugação perfeita. Adorei :)🌹💙

    *
    Neste mundo aonde me permito vaguear
    *
    Beijos e uma excelente semana.

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    1. NÃO quero encantar; quero DESASSOSSEGAR
      Neste mundo aonde me permito vaguear sem fé em deus.
      Boa noite, Cidália, evitando pisar os seus sonhos 💙

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  9. Foto cinco estrelas.
    Boa semana

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  10. Alimento para a comunicação entre seres comunicantes e, quem sabe, entre vasos comunicantes.
    :)

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    1. Aprecio muito os seus comentários, lenor, aqui ou no blogue do Ricardo.
      Os comentários da lenor não são banais; são sim, invulgares e inteligentes.

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