HORROR DO BELO, BELO DO HORROR


Em pleno coração da Europa de onde germinara a alta-cultura, as liberdades e o humanismo, há-de o Holocausto mostrar-se com os dentes de todo o mal. Os mesmos que à força empurram para os já apinhados comboios da morte ainda mais vítimas, deleitam-se ao final do dia em serões com as ‘reveries’ de Debussy e chá. Entretanto, sabendo do fim que os espera e despojados de tudo que os faz homens e mulheres, aos ’untermensch’ resta apenas a memória como lugar possível da Humanidade que são. Recitam Schiller, entoam no silêncio interior cânticos em yiddish, deixam nos avessos dos catres paisagens gravadas a terra e a unhas. Não é estoicismo que os move mas viver o fim com a dignidade que nenhuma besta nazi consegue humilhar. Onde há violência e ódio há, mais do que a força dos tanques, a necessidade da supressão da identidade do outro. Memória e Arte são, por isso, os primeiros alvos do horror.

Pedro Abrunhosa 

 Conferência | Esther Mucznik e Paulo Moura debatem no Auditório de Serralves 
“Horror do Belo, Belo no Horror”

Kommentare

  1. Até eu sou um horror. Ando sempre a comprar espelhos que se partem assim que me vejo neles. lol. Mais a sério: Não sei o que dizer sobre o tema, pronto.
    .
    Cumprimentos poéticos.

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    1. Esta conferência insere-se no Ciclo “Arte e Espiritualidade”, comissariado por Pedro Abrunhosa e Paulo Mendes Pinto, que pretende explorar a forma como a Arte dialoga com a Ciência, a Filosofia, a Religião, o Pensamento.

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  2. Julgo que é um tema interessante para debate. O texto que a Teresa aqui escreveu está bem sugestivo. A arte é uma forma de preservar o que há em cada homem de eterno, portanto, de preservar a identidade de um povo e dos indivíduos que o constituem. E torna o holocausto ainda mais negro. Não é um tema suave.

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    1. Esther Mucznik, escritora e especialista em temas judaicos, e Paulo Moura, escritor, jornalista e repórter de guerra, serão os oradores da conferência “Horror do Belo, Belo no Horror”, no dia 02 de Março às 21h30, com moderação do jornalista Manuel Carvalho. Não é um tema que eu gostasse de debater!!

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  3. Deixaste-me bastante curiosa!

    Boa semana :)

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    1. Fiquei verdadeiramente admirada que o ciclo "Arte e Espiritualidade" seja comissariado por Pedro Abrunhosa‼️

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  4. Gostei tanto d

    a escrita que considerava ser algo escrito pela Teresa… Em todo o caso, acho que á algo para ser recordado, não apenas pela Alemanha, mas sim, pela humanidade… A Alemanha de hoje não é a Alemanha de ontem e há países esses sim, no caminho da extrema direita e isso inquieta bem mais…

    Regressando ao início do meu comentário, havia algo na forma da escrita que me pareceu da Teresa que sempre que cria um texto seu mostra todos os muitos argumentos que tem…

    Quanto ao Pedro Abrunhosa, sempre achei um excelente compositor.

    Beijo e bom início de semana

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    1. Eu nunca escreveria este texto por duas razões: já não consigo escrever um bom texto na língua de Camões. Amo toda a espécie de ARTE, prescindo de toda a espécie de espiritualidade‼️

      Tenho na minha mesinha de cabeceira METROPOL de Eugen Ruge, que relata as barbaridades praticadas na União Soviética durante o estalinismo‼️

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  5. Quem ama o belo não deixará de o amar independentemente das circunstâncias!

    Abraço

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    1. O horror, na categoria do belo, termina por se tornar um dos elementos próprios do BELO‼️

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