Amanhã não estaremos já neste lugar
amanhã a cidade já não terá o teu rosto
e a canção não virá cheia de ti
escrever em cada árvore o teu nome verde.
Amanhã outros passarão onde passámos
farão os mesmos gestos dirão as mesmas palavras
dirão um nome baixo um nome loucamente
como quem sobre a morte é por instantes eterno.
Amanhã a cidade terá outro rosto.
Nós não estaremos cá. Mas a cidade
já não será contra o amor amanhã quando
os amantes passarem na cidade livre.
Nós não estaremos cá. Voltaremos em Maio
quando a cidade se vestir de namorados
E a liberdade for o rosto da cidade nós
que também fomos jovens e por ela e por eles
amámos é lutámos e morremos
nós voltaremos meu amor nós voltaremos sempre
no mês de Maio que é o mês da liberdade
no mês de Maio que é o mês dos namorados.
Poema de Manuel Alegre
in: A Praça da Canção (1965) |
O meu conterrâneo tem poemas muito bons.
AntwortenLöschenManuel Alegre nasceu em Águeda.
LöschenEu estava convencida que o Pedro nasceu em Coimbra.
O seu conterrâneo nasceu no mês das rosas 🌹🌹🌹 tal qual como eu.
Tão bonito este poema que podia ser prosa poética. Também julgo que a luz de Maio vem dos amantes que voltam sempre e sem idade. Eles e o amor que em vida os uniu são a poalha que dá tom à nossa luz clara. Como canta Salvador Sobral, "quem inventou o amor não fui eu nem ninguém".
AntwortenLöschenO teu comentário é, como sempre, também muito poético.
LöschenMaio é o mês dos meus amores 🌹🌹🌹