Anda zangado contra as medidas de austeridade impostas pelo governo? Com uma ida ao teatro ganha um pouco da sua serenidade.

Havia um Porto para lá da Circunvalação, a cidade aonde não se vai, em O Resto do Mundo (2007), uma viagem de táxi que desencadeava uma reflexão sobre o nosso tempo e lugar. Como havia um Porto, geográfico e mental, da Europa e do mundo, em Orla do Bosque (2001), onde uma geração de trintões se questionava sobre o seu papel na cidade, algures entre o elogio das fronteiras que nos definem e a crítica das fronteiras que nos aniquilam. Quando passaram 10 anos, o colectivo Visões Úteis regressa ao Porto (território que nunca lhes sai do corpo e da cabeça, e de que continuamente extraem matéria teatral) e revisita os fundamentos de Orla do Bosque, num gesto que recusa a nostalgia para no seu lugar colocar a interrogação como motor da construção de um futuro. Em 2001, ano da Capital Europeia da Cultura, vivíamos em plena euforia consumista. Em 2011, o ano de todas as ressacas, vivemos na inevitabilidade da privatização daquilo que é comum a todos.
Monstros de Vidro arrisca um balanço em acto da década que passou, com a ambição de cartografar o “movimento autêntico dos corpos comunitários” de que nos fala o filósofo francês Jacques Rancière. “Este espectáculo recusará piedade e medo”, adverte a companhia. Magnífica hipótese de trabalho: a condescendência é um beco sem saída.

Kommentare

  1. E os outros, Teresa? E os outros?

    Os de vidro são quebráveis...

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  2. Todos os monstros são quebráveis, Rogério.
    Dou como exemplo, o Hitler e o Estaline!

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  3. Oh, Teresa, ir ao teatro para demonstrar descontentamento com as medidas de austeridade?!? Não estou a ver a lógica...

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  4. Não é para demonstrar descontentamento com as medidas de austeridade do governo, Teté.
    É sim, uma cura milagrosa contra o stresse e permite também desenvolver as potencialidades psíquicas e espirituais de cada um.

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  5. Minha querida, O texto apareceu depois de eu ter comentado... teria sido diferente... Mas monstros... os mercados... são intangíveis.
    O monstro capitalista, embora quebrável, não é de vidro.

    Falou-me de homens. Em certo sentido, todos são de vidro...

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  6. Um texto muito bem escrito,

    reflectindo sobre a ressaca!


    Bjsss

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  7. O Porto está sempre na vanguarda!
    Agora até a sua movida é elogiada! :-))

    Abraço

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  8. Atiçou-me a curiosidade A cultura é remédio para os males da sociedade.

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  9. Enquanto houver teatro, Teresa. Para já, o governo acabou com o D. Maria. Nada de espantar. Estes tipos só gostam de números, não gostam de teatro e para eles, cultura é muito subversiva.
    Bom fds

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