Blackbird no Teatro Carlos Alberto do Porto de 5 a de 14 Março 2010

TeCA
Quando Brian McMaster, director do Festival de Edimburgo, perguntou a David Harrower se estava disponível para escrever uma peça a ser encenada por um dos maiores criadores contemporâneos (Peter Stein), o dramaturgo não aceitou de imediato a proposta. “Pensei logo que isso representaria a possibilidade de escrever uma peça monumental. Ele fez Júlio César com 200 figurantes.” Harrower perguntou-se se “seria capaz” e disse que sim antes de embarcar num trabalho para doze actores. No entanto, um mês antes da data limite, “dez personagens foram chacinadas” e escreveu uma nova peça com apenas duas das personagens do texto original. A premissa de Blackbird é o encontro entre um homem de meia-idade e uma jovem mulher que, quinze anos antes, haviam tido uma espécie de “aventura”, quando a rapariga não era sequer uma adolescente e o homem tinha já 40 anos. “A peça é sobre o que acontece quando ela o encontra depois de uma intensa procura.” […] A obra de Harrower divide-se em peças que são conscientemente escocesas no seu tema e na sua forma e em peças cujo tópico é mais amplo. “Não o faço deliberadamente. Blackbird seria mais escocês com actores escoceses. Há um determinado ritmo na forma como falam os escoceses sobre os quais escrevo, mas Peter Stein escolheu actores ingleses, o que trouxe uma sensibilidade distinta à peça. Suponho que Facas nas Galinhas e Dark Earth fossem sobre a Escócia.” Por contraste, na versão final de Blackbird, “o facto de vivermos presentemente na Escócia parece não ter qualquer relevância. É uma história de amor sobre duas pessoas que passaram juntas por uma experiência de vida que as mudou”.

É o regresso do realizador Tiago Guedes ao teatro, depois da sua fulgurante estreia como encenador, em 2006, com The Pillowman. Se o texto de Martin McDonagh tratava já temas difíceis (o infanticídio encimava o catálogo de malfeitorias), Blackbird explora uma outra matéria delicada: o abuso sexual de menores. Nesta peça que o Festival de Edimburgo encomendou a David Harrower para ser estreada, em 2005, por Peter Stein, o dramaturgo escocês opta por fazer mais do que um tratado moral ou uma tese sociológica, desdobrando questões em vez de lições e doutos esclarecimentos. Uma jovem mulher reencontra o homem de meia-idade com quem – década e meia antes, quando apenas tinha 12 anos – mantivera uma relação apaixonada (leia-se, sexualmente explícita). Destas criaturas poder-se-á dizer que entram depressa numa noite escura, como que seguindo o apelo da canção, de uma traiçoeira candura, dos Beatles: “Blackbird fly into the light of the dark black night”. Blackbird de David Harrower tradução e encenação Tiago Guedes cenografia e figurinos Joana Rosa desenho de luz Nuno Meira sonoplastia Rui Dâmaso interpretação Miguel Guilherme, Isabel Abreu e Constança Rosado / Filipa Rebelo / Margarida Lopes produção TNDM II em colaboração com Take It Easy classificação etária Para Maiores de 16 anos duração aproximada 1:30

Kommentare

  1. Vim só visitá-la, tenho andado com tanta falta de paciência, até para escrever, são fases e já dizia a minha mãe dizia o tempo também não ajuda só apetece sentar no sofá no quentinho e ver televisão coisa que não é mesmo meu hábito.
    Vejo notícias e pouco mais ando parva.
    Beijinhos

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  2. Cara Teresa,

    Cheguei até aqui através de uma amiga comum, a BlueVelvet.

    Desculpe, mas terei que voltar mais tarde para ler o seu texto e comentar.
    Parece-me muito interessante este seu Blog, mas também vi que tem um em Inglês que certamente me interessará ainda mais.

    Por ser amiga da minha muito amiga Ana, peço-lhe que se mantenha o mais próximo possível dela.
    nafer1951@gmail.com

    Aceite um abraço e votos de bom Domingo.

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  3. Obrigada Teresa!
    Tenho uma coisa para lhe mandar!
    Mal possa envio-a!
    Beijinhos

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