O Público demorou 1 dia para anunciar a morte de Francis "Frank" McCourt !!! Porquê?

Ficará para a história da literatura principalmente como o autor de “Angela's Ashes” (As Cinzas de Ângela, Presença), a autobiografia editada em 1996. Foi praticamente o seu primeiro livro, mas viria a valer-lhe um Pulitzer, a consagração internacional e também a adaptação ao cinema. Frank McCourt (1930-2009) morreu na noite de domingo num hospital de Manhattan, Nova Iorque, aos 78 anos, devido a complicações do tratamento ao cancro de pele de que padecia.

Vivia no Connecticut com a sua segunda mulher, Ellen, e deixa uma filha e três netos. Quando já lutava contra o melanoma diagnosticado em Maio, ainda conseguiu manter-se activo, desdobrando-se em conferências, relatava ontem o correspondente americano do jornal espanhol ABC, citando o seu irmão Malachy.

Foi com Malachy que Frank se iniciou na escrita, nos anos 80, já depois de se ter reformado da profissão de professor de Língua e Literatura Inglesa em vários liceus de Nova Iorque, durante três décadas. Com o seu irmão, que é actor e cantor (e que foi candidato a governador de Nova Iorque pelo Partido Verde), Frank assinou duas peças, também de registo biográfico. Uma chegou a subir a um palco nova-iorquino.

Mas foi com “As Cinzas de Ângela” que McCourt verdadeiramente debutou como escritor. Fê-lo num registo assumidamente confessional, fazendo da infância miserável e amarga da sua família - primeiro no bairro de Brooklyn, onde nasceu em 1930, e depois na cidade irlandesa de Limerick, para onde os seus pais retornaram, tentando fugir à Grande Depressão - a matéria-prima para aquilo a que chamaria "um épico da angústia".

Um amigo de Frank McCourt conseguiu arranjar-lhe um agente, que depressa vendeu o manuscrito de “Angela's Ashes” à editora Scribner. Em 1996, esta casa imprimiu 25 mil exemplares do romance, que no ano seguinte seria consagrado com o Pulitzer/Biografia, a abrir um leque de outros prémios importantes.

O êxito não se fez esperar: novas edições, traduções em mais de 25 idiomas e mais de 30 países e... um filme, com o título homónimo, em 1999, realizado por Alan Parker: Emily Watson é a mãe Ângela, sempre presente, John Carlyle o pai Malachy, alcoólico e incapaz de cuidar da família, a quem a miséria roubou três filhos.

No livro, Frank descreve a parte irlandesa da sua vida, em que teve de crescer mais depressa, vendo-se obrigado a abandonar a escola aos 13 anos para tratar da família. Aos 19, decide regressar à América, e começar de novo, estudando Literatura e tornando-se num respeitado professor.

Esta segunda parte americana da sua vida foi também a matéria do seu livro seguinte, Tis (1999), onde retoma o seu percurso no momento em que tinha ficado no final de “Angela's Ashes”. Em 2005, já escritor consagrado, publica “Teacher Man”, reunindo crónicas sobre a carreira de professor. Dois anos depois, ainda escreveria um conto de Natal para crianças, de novo com a figura da mãe em primeiro plano: “Angela and the Baby Jesus”.

"Scott Fitzgerald disse que não há segundas oportunidades nas vidas dos americanos. Eu provei que ele estava errado", comentou um dia sobre a sua vida. O melanoma é que não lhe deu uma segunda chance.

21.07.2009 - 09h31 Sérgio C. Andrade

Kommentare

  1. O jornalismo português está cada vez mais decrépito. Além das notícias saírem conforme as conveniências políticas (de uns e outros, que estão cada vez mais parecidos nestas manigâncias), "esquecem-se" de notícias relevantes dando grande destaque... a ninharias! Nomeadamente, a estrelas futebolistícas que ontem foram para a boite com a A ou a B, fomentando voyeurismos de gente sem nada que fazer!

    No dia em que a Farrah Fawcett e o Michael Jackson morreram, este último encheu primeiras páginas (OK, mesmo não sendo grande apreciadora, merecia destaque), ela só teve direito a um pequeno parágrafo, muitas das vezes sem fotografia. Não há pachorra!

    Beijocas, Teresa!

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