António Botto um dos meus poetas preferidos faleceu há meio século
Andava a lua nos céus
Com o seu bando de estrelas
Na minha alcova
Ardiam velas
Em candelabros de bronze
Pelo chão em desalinho
Os veludos pareciam
Ondas de sangue e ondas de vinho
Ele, olhava-me cismando;
E eu,
Plácidamente, fumava,
Vendo a lua branca e nua
Que pelos céus caminhava.
Aproximou-se; e em delírio
Procurou avidamente
E avidamente beijou
A minha boca de cravo
Que a beijar se recusou.
Arrastou-me para ele,
E encostado ao meu hombro
Falou-me de um pagem loiro
Que morrera de saudade
À beira-mar, a cantar...
Olhei o céu!
Agora, a lua, fugia,
Entre nuvens que tornavam
A linda noite sombria.
Deram-se as bocas num beijo,
Um beijo nervoso e lento...
O homem cede ao desejo
Como a nuvem cede ao vento
Vinha longe a madrugada.
Por fim,
Largando esse corpo
Que adormecera cansado
E que eu beijara, loucamente,
Sem sentir,
Bebia vinho, perdidamente
Bebia vinha..., até cair.
António Botto
Aves de Um Parque Real
As Canções de António Botto
Editorial Presença
1999
Felizmente que a minha memória não tem sido esquecida e na biblioteca municipal em Abrantes que tem o meu nome irão acontecer várias iniciativas para assinalar esta triste data:
- Entre 2 e 27 de Março, uma exposição evocativa sobre a minha vida e obra;
- No dia 16 de Março, às 21h30, uma conferência sobre mim por Margarida Mateus, que teve a gentileza de estudar a minha obra e agora falar dela com toda a propriedade;
- A 18 de Março, uma acção de formação para mediadores de leitura, onde professores e demais pedagogos poderão aprender a "ler-me";
- Nos dias 5, 6, 12 e 13 as crianças das escolas abrantinas poderão vir à Biblioteca brincar comigo e descobrir a minha obra.
Lanço-lhe agora, como poeta e filho de Abrantes, um apelo: não deixe de participar nestas actividades. O meu corpo morreu mas a minha alma permanece eterna. Tal como a minha obra e a minha memória. Não deixe que eles desapareçam...
Inscrições para Biblioteca Municipal António Botto, Serviço de Animação, 241 379 991 ou animacao@bmab.cm-abrantes.pt.
Com o seu bando de estrelas
Na minha alcova
Ardiam velas
Em candelabros de bronze
Pelo chão em desalinho
Os veludos pareciam
Ondas de sangue e ondas de vinho
Ele, olhava-me cismando;
E eu,
Plácidamente, fumava,
Vendo a lua branca e nua
Que pelos céus caminhava.
Aproximou-se; e em delírio
Procurou avidamente
E avidamente beijou
A minha boca de cravo
Que a beijar se recusou.
Arrastou-me para ele,
E encostado ao meu hombro
Falou-me de um pagem loiro
Que morrera de saudade
À beira-mar, a cantar...
Olhei o céu!
Agora, a lua, fugia,
Entre nuvens que tornavam
A linda noite sombria.
Deram-se as bocas num beijo,
Um beijo nervoso e lento...
O homem cede ao desejo
Como a nuvem cede ao vento
Vinha longe a madrugada.
Por fim,
Largando esse corpo
Que adormecera cansado
E que eu beijara, loucamente,
Sem sentir,
Bebia vinho, perdidamente
Bebia vinha..., até cair.
António Botto
Aves de Um Parque Real
As Canções de António Botto
Editorial Presença
1999
O dia 16 de Março de 1959 é um dia triste para mim. Assinala-se o 50º aniversário da minha morte, desde que naquele longínquo e fatídico ano de 1959 um carro tirou-me a vida.
Felizmente que a minha memória não tem sido esquecida e na biblioteca municipal em Abrantes que tem o meu nome irão acontecer várias iniciativas para assinalar esta triste data:
- Entre 2 e 27 de Março, uma exposição evocativa sobre a minha vida e obra;
- No dia 16 de Março, às 21h30, uma conferência sobre mim por Margarida Mateus, que teve a gentileza de estudar a minha obra e agora falar dela com toda a propriedade;
- A 18 de Março, uma acção de formação para mediadores de leitura, onde professores e demais pedagogos poderão aprender a "ler-me";
- Nos dias 5, 6, 12 e 13 as crianças das escolas abrantinas poderão vir à Biblioteca brincar comigo e descobrir a minha obra.
Lanço-lhe agora, como poeta e filho de Abrantes, um apelo: não deixe de participar nestas actividades. O meu corpo morreu mas a minha alma permanece eterna. Tal como a minha obra e a minha memória. Não deixe que eles desapareçam...
Inscrições para Biblioteca Municipal António Botto, Serviço de Animação, 241 379 991 ou animacao@bmab.cm-abrantes.pt.
O mais importante na vida
AntwortenLöschenÉ ser-se criador – criar beleza.
Para isso,
É necessário pressenti-la
Aonde os nossos olhos não a virem.
Eu creio que sonhar o impossível
É como que ouvir uma voz de alguma coisa
Que pede existência e que nos chama de longe.
Sim, o mais importante na vida
É ser-se criador.
E para o impossível
Só devemos caminhar de olhos fechados
Como a fé e como o amor.
António Botto