Mercier: Ouviste, Lacroix? A igualdade brande a sua foice por cima de todas as cabeças, escorre a lava da Revolução, a guilhotina republicaniza! As galerias aplaudem e os Romanos esfregam as mãos mas não dão conta de que cada um desses lemas é o estertor de uma vítima. Atentai nas vossas tiradas, agora que se fazem carne. Olhai em volta: isto é o que haveis dito. É a pantomima das vossas palavras. Estes desgraçados, mais os verdugos e a guilhotina, são as vossas arengas depois de ganharem vida. Haveis erguido os vossos sistemas como Bajazet as suas pirâmides: com cabeças humanas.
Danton: Tens razão. — Hoje tudo é feito com carne humana. É a maldição da nossa época. Agora também o meu corpo vai ser aproveitado.
A Morte de Danton (1835) mergulha-nos no caos poético e sangrento da Revolução Francesa, mas esta peça é também ela revolucionária. Georg Büchner opera uma feroz fragmentação da forma teatral tradicional, lançando cenas curtas e longas, agitadas e meditativas num entrechocado fluxo narrativo que antecipa a montagem cinematográfica. |
«Danton: Tens razão. — Hoje tudo é feito com carne humana. É a maldição da nossa época», tinha mesmo que destacar esta passagem!
AntwortenLöschenA actualidade da peça de Georg Büchner é absolutamente flagrante‼
Löschen