A sorrir e a chorar


E mais uma noitada de São João, de folia e alegria que preserva a tradição e memória tripeira, voltei a calcorrear as ruas da invicta, em pensamento.

Eu era por então uma menina de quinze anos, que pensava ter idade para passar a noite de São João com um grupo de amigos. Os meus pais tinham uma outra opinião. Tentei convencê-los, apontando que o Carlos Manuel (filho de uma família amiga) também fazia parte do grupo. Foi pior a emenda do que o soneto. Compreendi então, que o rapaz não inspirava nenhuma confiança aos meus pais. 
A minha mãe, conciliadora, disse para eu convidar a Beatriz a ir connosco, assim a noite já não era tão aborrecida. Embora, a minha amiga não fosse a companhia que eu desejava, pensei, que do mal, o menos. 
 Estávamos juntos ao Teatro Nacional de São João, quando senti algo a roçar o meu pescoço. Piúrsa e com cara de poucos amigos, voltei-me para trás. Deparei então, com um rapaz pouco mais velho do que eu, muito loiro; com uns olhos azuis de sonho.
Chamava-se Kurt, tinha 17 anos, morava em Hannover e visitava Portugal com os pais.
Fiquei absolutamente eufórica e a noite estava salva.

No ano passado, durante um jantar em casa de uns familiares, eu e a minha amiga Beatriz brigávamos: ela contra, eu a favor da Alemanha, quando com um olhar malicioso me pergunta: "Lembras-te, quando te atiraste indecentemente àquele imberbe alemão?" "Claro que me lembro!" 
Desatamos a rir, esquecendo as nossas controvérsias.

As festividades de São João do Porto incluem tradicionalmente uma regata de barcos rabelos no Rio Douro, cuja largada acontece pelas 16 horas do Dia de São João, 24 de junho (feriado de segunda-feriado)

Kommentare

  1. Memórias que não mais se esquecem :)

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    1. Não perco tempo com memórias.
      Vivo o dia de hoje e a sua realidade.
      Ontem pouco importa.

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  2. Ontem pouco importa, mas vai contando as suas histórias :).
    Creio bem que o que temos é apenas o tempo presente, o futuro ainda não há e é bom que não se conheça; e o passado está feito, mesmo que a memória lhe dê ares de beleza indizível, passou. Mas que o passado condiciona o presente, é verdade.
    Festejei uma única vez os santos populares, a expensas de uma amiga insistente. Teria 24 ou 25 anos. Usava um cai-cai preto que mal chegava à cintura de uma saia cigana e tentava tapar qualquer coisa com um xaile preto muito aberto que se prendia aos botões das camisas dos homens nos apertos do castelo e arredores. Hoje penso que devia ser uma rapariga engraçada e um pouco exótica e que talvez não tenham desgostado da proximidade. Entretanto, optei pelo razoável e tirei o xaile.
    O S. João no Porto e o Santo António em Lisboa são bons para assistir na TV.

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    1. O São João é uma festa na rua!!!
      Na TV só vejo filmes policiais nórdicos.

      Não tencionava publicar seja o que fosse sobre o São João do Porto.
      Entretanto, recebi duas quadras dum amigo, convencido que tenho saudades do Porto e das festas joaninas. Foi então, que me apeteceu contar esta história. História essa, que confirma que a minha obsessão pela Alemanha já vem de longe. 💙

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  3. Recordar é viver!! Por onde andará o Kurt?
    Lembrar-se-á ele também desse encontro?

    Foi bonito teres feito essa partilha de emoções connosco, Teresa. :)

    Um abraço.

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    1. Não exageres, Janita!!!
      Foi simplesmente um encontro de dois adolescentes numa noite de São João.

      Quando visitei Hannover, uma das cidades alemãs mais insípidas, onde se fala o alemão mais correcto, nem me lembrei do Kurt.

      Uma noite tranquila sem emoções ❣

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  4. Interessante, e nós aqui a pensar que o encontro com o Kurt tinha evoluído para outros patamares... A vida também é isto, com as suas divergências entre percepções e realidade.
    Está claro que o seu gosto por loiros de olhos azuis já vem de longe, como o vinho do Porto, e pela Alemanha também, mas de onde realmente radicará? Terá uma resposta simples ou será caso de divã? Tenha um bom dia Teresa.

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    1. Em julho, segui para casa dos meus tios, em Lisboa, para passar lá as férias de verão, esquecendo completamente o Kurt. O Joaquim Ramos sabe muito bem, que eu sou geminiana como o Fernando Pessoa, portanto, inconstante e volúvel 💖

      Loira e com uns olhos azuis maravilhosos era a minha mãe. O amor pela a Alemanha vem do meu pai. E beber vinho do Porto é um prazer.

      Também lhe desejo um ótimo dia!!!

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  5. Gostei de a ler . Boas recordações:))

    Voltei... Quando o sol surge pela aurora.

    Bjos
    Votos de uma óptima Terça - Feira

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    1. Recordações efémeras de uma noite de São João.

      A vida é bela quando o sol surge pela a aurora ☀

      O futebol preenche a minha terça-feira. E a tua Larissa❓
      A Itália venceu a China por 2:0.
      Em breve começa o jogo da Holanda contra o Japão.

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  6. Boas recordações para guardar sempre no coração :).
    Beijinhos
    Blog: Life of Cherry

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    1. O meu coração 💓 não se alimenta de recordações efémeras.

      Saudações cordiais de um Düsseldorf a arder: 34°C ☀

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  7. E nessa regata o loirinho acompanou-te?
    E os teus olhos se incendiaram a água?
    Foi esse rapaz que te levou para a Alemanha?

    Parece-me que estou a querer saber demais, loool

    Um beijinho sedutor

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    1. Pensas que sou o tipo de mulher que corre atrás do primeiro loirinho que lhe aparece pelo caminho ❓

      Sempre quis sair da minha zona de conforto e, estudar no país dos poetas e filósofos.

      Agradeço o teu beijinho sedutor, Gil António 💞
      Nunca cheguei a saber como eram os beijos do Kurt.

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  8. Lembrei-me agora que te prometi uma quadra para te oferecer na noite de São João!
    :(
    Desculpa ter faltado ao prometido... mas estive uns dias sem oportunidade de vir aqui ao nosso bairro blogosférico.
    Fica para o ano ... :))

    Gostei de ler as tuas memórias sanjoaninas
    (^^)

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    1. Recebi duas quadras sanjoaninas de um amigo portuênse. Como um dos versos rimava com o meu nome, evitei a publicação. Continuei à espera da tua quadra, Clara, mas como não veio, resolvi escrever sobre o meu encontro com o Kurt numa noite de São João. Já nessa altura, pensava em estudar na Alemanha. Não em Düsseldorf, mas sim, na famosa universidade de Heidelberg.

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