E mais uma noitada de São João, de folia e alegria que preserva a tradição e memória tripeira, voltei a calcorrear as ruas da invicta, em pensamento. Eu era por então uma menina de quinze anos, que pensava ter idade para passar a noite de São João com um grupo de amigos. Os meus pais tinham uma outra opinião. Tentei convencê-los, apontando que o Carlos Manuel (filho de uma família amiga) também fazia parte do grupo. Foi pior a emenda do que o soneto. Compreendi então, que o rapaz não inspirava nenhuma confiança aos meus pais. A minha mãe, conciliadora, disse para eu convidar a Beatriz a ir connosco, assim a noite já não era tão aborrecida. Embora, a minha amiga não fosse a companhia que eu desejava, pensei, que do mal, o menos. Estávamos juntos ao Teatro Nacional de São João, quando senti algo a roçar o meu pescoço. Piúrsa e com cara de poucos amigos, voltei-me para trás. Deparei então, com um rapaz pouco mais velho do que eu, muito loiro; com uns olhos azuis de sonho. Cham