A Mancha Humana


"Durante quarenta anos fez o que era necessário fazer. Andou atarefado, e a natureza, que é a besta, mudou-se para uma caixa. Agora essa caixa está aberta. Ser reitor, ser pai, ser marido, ser intelectual, professor, ler livros, dar lições, corrigir textos, dar notas, tudo isso acabou. Evidentemente que já não é a vigorosa besta lúbrica que foi. Mas o que resta da besta, o que resta dessa coisa natural, é com isso que ele está agora em contacto, com o que resta. E sente-se feliz por isso, sente-se grato por estar em contacto com o que resta. Sente-se mais do que feliz: sente-se emocionado, e já está ligado, profundamente ligado a ela, por causa dessa emoção. Não é de família que se trata, a biologia já não lhe serve para nada. Não é família, não é responsabilidade, não é dever, não é dinheiro, não é uma filosofia partilhada ou o amor à literatura, não são grandes discussões de ideias. Não, o que o liga a ela é a emoção. Amanhã descobrem-lhe um cancro e acabou-se. Mas hoje, agora, tem essa emoção."  

Hoje, tinha lugar o encontro do Círculo Literário, em Duisburg, sendo o romance "A Mancha Humana" de Philip Roth, o livro escolhido, daí o meu pseudo-desafio de ontem.
Um acontecimento terrível, sobre o qual não posso nem quero falar, impediu o nosso encontro. 

Kommentare

  1. Nunca li
    Mesmo sem saber o que é, lamento que tenha acontecido. Força!

    r: Também apanhei os selos
    Como preferires :)
    Muito obrigada*

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    1. Ao certo, ainda não sabemos o que aconteceu.
      Essa incerteza é ainda mais terrível.

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  2. Ah, foi mesmo este o livro que li, no post anterior enganei-me no título. Paciência. Agora já sei:).
    Oxalá o acontecimento terrível não a tenha afectado muito.
    BFS

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    1. O acidente não me afecta directamente, mas sim, um membro do Círculo Literário.

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  3. r: Obrigada e igualmente :)

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    1. Se estivesse no Porto, visitava a Feira do Livro.
      Assim, fico no meu jardim a contemplar as flores 🌷🌷🌷

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