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Es werden Posts vom März, 2017 angezeigt.

A vegetariana

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Um bosque escuro. Sem ninguém. As folhas das árvores de pontas aguçadas, os meus pés feridos. Um lugar quase familiar, mas agora estou perdida. Assustada. Com frio. Do outro lado da ravina gelada, uma casa vermelha a lembrar um celeiro. Um tapete de palha que passa para lá da porta e o vento levanta. Enrolo-o e entro, e aqui dentro é isto: uma longa vara de bambu cheia de bocados de carne vermelha espetados, com o sangue ainda a escorrer. Tento passar para lá da carne, mas esta nunca mais acaba e não há saída. Já tenho sangue na boca e a roupa ensopada de sangue cola-se à pele. Acaba  por aparecer uma saída. Corro, corro pelo vale até que, de repente, surge um bosque. Árvores cobertas de folhas, a luz verde da primavera. Famílias a fazerem piqueniques, crianças a correrem de um lado para o outro e aquele cheiro, aquele cheiro delicioso. Quase doloroso de tão vivido. O regato rumorejante, as pessoas a estenderem esteiras de junco para se sentarem, a petiscarem kimbap. Churr

Devia olhar o rei

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Devia olhar o rei Mas foi o escravo que chegou Para me semear o corpo de erva rasteira Devia sentar-me na cadeira ao lado do rei Mas foi no chão que deixei a marca do meu corpo Penteei-me para o rei  Mas foi ao escravo que dei as tranças do meu cabelo O escravo era novo Tinha um corpo perfeito As mãos feitas para a taça dos meus seios Devia olhar o rei Mas baixei a cabeça Doce terna  Diante do escravo. Paula Tavares  Manual para Amantes Desesperados (Editorial Caminho, 2007)

Noite dos museus em Düsseldorf

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  A Noite dos Museus é pura e simplesmente um pesadelo.  Nesta noite não só se podem visitar todos os museus da cidade, como não há nenhum sítio que tenha a ver com a cultura, que não esteja aberto até às 2 da manhã e não apresente um programa magnífico — e uma pessoa fica sem saber o que escolher.  Regressei a casa quase às duas da manhã.

Toda a cidade celebra uma feira

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  Começa hoje a Leipziger Buchmesse, que se realiza todos os anos no meio do mês de Março.   A Feira do Livro de Leipzig é uma feira para o público — um festival da literatura jovem alemã, uma ponte para a Europa Central e o Leste Europeu e um ponto de encontro de leitores de todas as gerações.  O pais convidado é, este ano, a Lituânia. Através do festival Leipzig lê — o maior festival de leitura da Europa — cerca de 3.400 eventos espalham-se pela cidade até altas horas da noite em livrarias, cafés, bares, estações de comboio, lojas de lingerie e até em salas de tribunal — e, claro, no espaço da feira. Patrícia Portela (vencedora em 2016 da Bolsa de Residência Literária atribuída pela Embaixada de Portugal na Alemanha/Instituto Camões), Mia Couto, Dulce Maria Cardoso, Gonçalo M. Tavares, Kalaf Epalanga, Margarida Vale de Gato, Raquel Nobre Guerra e Miguel Cardoso são os oito autores de língua portuguesa que participarão na Feira do Livro de Leipzig, que decorre de 23

Viver sem medo é forte sinal contra o terrorismo

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Portugal na Feira do Livro de Leipzig

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A Concha

A minha casa é concha. Como os bichos Segreguei-a de mim com paciência: Fechada de marés, a sonhos e a lixos, O horto e os muros só areia e ausência. Minha casa sou eu e os meus caprichos. O orgulho carregado de inocência Se às vezes dá uma varanda, vence-a O sal que os santos esboroou nos nichos. E telhadosa de vidro, e escadarias Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso! Lareira aberta pelo vento, as salas frias. A minha casa... Mas é outra a história: Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço, Sentado numa pedra de memória. Vitorino Nemésio — O Bicho Harmonioso (1938)

ADEUS, INVERNO!

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memórias do mar

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Os homens também são objectos de desejo e de prazer...

A Ratoeira

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Continuo a mergulhar nas actividades culturais que a minha cidade me oferece. Em 2003 vi The Mousetrap em Londres.  Esta noite em Düsseldorf no Teatro Komödie. The Mousetrap foi apresentada pela primeira vez em 1947 como uma peça de rádio, na altura com o título Three Blind Mice .  A peça é baseada num caso real, a morte de um rapaz de 12 anos, devido a maus tratos, ocorrida numa quinta de Inglaterra em 1945.  Trata-se de uma história típica whodunnit   de Agatha Christie: um grupo de pessoas encontra-se isolado num hotel, devido a uma tempestade de neve, quando uma das hóspedes é assassinada. No final de cada apresentação, é pedido aos espetadores que não revelem a ninguém o nome do assassino.

TANGO

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Ao aproximar-se a Primavera sinto vontade de retomar as minhas  actividades culturais.  Uma noite, na qual o tango esteve no centro com textos e música. Ulrike Domkes, escritora e dançarina de tango, leu histórias vividas no ambiente do tango: melancólicas, cómicas, mortíferas. O gitarrista e cantor, oriundo de Düsseldorf, Jochen Jasner cantou tangos e milongas da Argentina, por exemplo canções do mais famoso dos cantores de tango da história, Carlos Gardel , assim como títulos de Aníbal Troilo e Homero Manzi.

crocus — precursores da primavera

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auto-retrato

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Este que vês, de cores desprovido, O meu retrato sem primores é E dos falsos temores já despido em sua luz oculta põe a fé. Do oculto sentido dolorido, este que vês, lúcido espelho é e do passado o grito reduzido, o estrago oculto pela mão da fé. Oculto nele e nele convertido do tempo ido excusa o cruel trato, que o tempo em tudo apaga o sentido; E so meu sonho transformado em acto, do engano do mundo já despido, este que vês, é o meu retrato. Ana Hatherly A idade da escrita 1998

A vida continua...

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além do horizonte.

Para ti... violetas

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Seja onde estiveres, querida amiga.

A alma é como a lavra

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A alma é como a lavra Quando as nossas mãos voltam a desfiar O milho amarelo de ouro? Que outras mãos que as nossas semeiam O medo e o silêncio da morte? Porquê este frio? Porquê tão longa a noite? Como se faz o mundo? Quando começa o mundo? O poema "A alma é como a lavra" pertence ao livro Jardim das Delícias de Maria Alexandre Dáskalos (Editorial Caminho, 2003)

NÃO TE AMO

Não te amo, quero-te: o amar vem d'alma. E eu n'alma --- tenho a calma, A calma --- do jazigo. Ai! não te amo, não. Não te amo, quero-te: o amor é vida. E a vida --- nem sentida A trago eu já comigo. Ai, não te amo, não! Ai! não te amo, não; e só te quero De um querer bruto e fero Que o sangue me devora, Não chega ao coração. Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela. Quem ama a aziaga estrela Que lhe luz na má hora Da sua perdição? E quero-te, e não te amo, que é forçado, De mau feitiço azado Este indigno furor. Mas oh! não te amo, não. E infame sou, porque te quero; e tanto Que de mim tenho espanto, De ti medo e terror... Mas amar!... não te amo, não. Almeida Garrett

Março – Mês da Mulher

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