Centenário de Marguerite Duras


A história da minha vida não existe. Isso não existe. Nunca há centro. Nem caminho, nem linha. Há vastas passagens em que se insinua que houve alguém, mas é certo que não houve ninguém.

Marguerite Duras — o pseudónimo do seu verdadeiro nome, Marguerite Donnadieu — nasceu pouco antes do eclodir da I Guerra Mundial, a 4 de Abril de 1914, em Gia Dinh, na Indochina.
Passou a infância e a adolescência nessa antiga colónia francesa. Aos dezoito anos, vai até Paris, onde se dedica 
ao estudo do Direito, Matemática e Ciência Política.
Os seus ataques de mau génio, bem como o seu radicalismo político —  ao aderir a movimentos feministas ou quando afirma que a única hipótese de pôr termo ao sofrimento dos vietnamitas seria o lançamento de bombas atómicas sobre os Estados Unidos —, eram bem conhecidos.
Marguerite Duras morre em Paris, a 3 de Março de 1996, aos 81 anos de idade. 

Creio que terminou. Que a minha vida acabou. Já não aguento. Vem depressa. Já não tenho boca, rosto.

Kommentare

  1. Não sei se as palavras excessivas não seriam mais que fábulas... Os homens não se abatem com bombas, comem-se uns aos outros (digo eu)

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    1. Fábulas?

      Os resentimentos de Marguerite Duras não se reduziam à guerra no Vietname, mas também, ou principalmente por causa de Hiroshima.

      Politicamente, militou no Partido Comunista Francês.

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  2. ~ Apenas conheço o filme, "O amante", baseado na obra homónima.
    ~ Lembro-me que na altura, ela criticou o filme por ter sido demasiado ousado e não ter passado a autêntica mensagem do seu livro. ~

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    1. Orgástico.
      Como o é a sua escrita.
      O seu cinema.

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  3. O filme é excelente, Majo.
    Vi e revi.
    BFDS!!

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    1. O filme é excelente, Pedro, embora não tenha passado a autêntica mensagem do livro.

      Leia o livro, em qualquer caso, que nada tem a perder!

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  4. Anonym4/04/2014

    Marguerite Duras era uma mulher radical e com mau feitio como eu, por isso, as medidas drásticas assentavam-lhe bem, embora não resolvessem os problemas :-)
    Quanto ao filme e ao livro, concordo consigo, Ematejoca. Há um grande fosso que os separa...

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    1. É por isso, que eu gosto de ambos!!!

      Eu sou incapaz de matar uma mosca, mas neste momento, também me apetecia dar um pontapé no traseiro do Obama e da Angie.

      "O AMANTE" vale a pena ser lido, saboreando lentamente todas as palavras da narrativa de Duras.

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  5. Ela teve o raro privilégio de ter vivido em dois “mundos” completamente diferentes.
    Impossível a ruptura com as suas memórias e vivência da infância e adolescência, as suas origens jamais poderiam ter sido esquecidas. Daí a sua escrita ter sempre uma perspectiva dupla (oriente / ocidente) e daí a sua enorme riqueza de interpretação de visões diferenciadas, permitindo-lhe analisar com muito conhecimento de causa as relações e diferenciações entre leste e oeste.
    Muito curiosa também, para alem da sua notável escrita, a sua inclinação comunista até se aperceber que, afinal, só “foi comunista até se aperceber que o partido soviético não era comunista” (no seu ponto de vista) , como também a sua intervenção feminista e no movimento existencialista (França).
    .

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    1. Não há mais nada a acrescentar ao teu excelente comentário, Rui, a não ser que eu também já tive a minha inclinação comunista; hoje em dia só participo nas lutas feministas e continuo uma grande admiradora do movimento existencialista de França com o Jean-Paul Sartre e a Simone de Beauvoir à cabeça.

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  6. Dela li "O Amante" e também vi o filme...
    Vi ainda "Hiroshima, meu amor" que achei fabuloso!
    Uma mulher que teve o privilégio de viver entre dois mundos quase antagónicos e que não deixou passar em vão essa experiência, sendo um farol para todas as mulheres que têm preocupações feministas!

    Abraço

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    1. No domingo vou escrever aqui sobre esses dois filmes, Rosa dos Ventos, porque o Abril vai ser dedicado à criadora de personagens femininas inesquecíveis. Marguerite Duras soube como ninguém transmitir os momentos "turvos e opacos" das mulheres.

      Abraço onde o feminino cresce!

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  7. Já apareceu na lista o título do post mas está em branco o teu blog!
    O Amante faz-se esperar? :)

    Abraço

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    1. Como esta noite o canal ARTE apresentou o filme "O Amante", escrevi sobre o filme, mas arrependi-me, e acabei por escrever sobre esta bela novela.

      Abraço e boa noite!

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  8. Um pecado grave confesso, mas nunca li nada de M Duras...

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