Um conto breve faz um sonho longo

 
Nunca se sabe o que uma viagem pode trazer ao íntimo do coração. Como se o tempo de repente dum outro modo fluísse, ou mesmo a qualidade da sua hora mudasse, e uma coisa perdida aparecesse, uma dúvida se quebra, um amor acaba, e outro que nunca se tinha imaginado, de repente, nasce. Objectos que sempre tivemos por separados atam as pontas, imagens que bóiam nas nossas vidas sem ligação se e criam uma nova sequência com sentido. Outras vezes a clarividência da distância torna-se tão luminosa que se ve o fim do fim, e deseja-se regressar, ainda que não lugar nenhum. Foi por altura duma deslocação que por acaso se havia transformado em viagem. Então, subitamente, aquela cidade estendida e empinada à beira do Lago Ontário, para onde o destino de ocasião me havia levado, ainda tinha palhetas de gelo, e trouxe-me de volta, provinda de muito longe, a Instrumentalina.
 
Começa assim o conto A Instrumentalina de Lídia Jorge.  
 
A infância tem sido, para inúmeros escritores, uma espécie de arca doirada da qual retiram muito da inspiração que alimenta as suas obras.
A Instrumentalina é um desses casos de maravilhada referência às emoções dos anos de juventude. Trata-se de uma escrita de um único fôlego, e onde, de forma comevedora, se patenteiam a ternura e a inocência de uma primeira paixão.

Li este conto breve de um único fôlego. Remontei mentalmente a minha própria infância. Mas mesmo sem Instrumentalina, um tio meu, de um fascínio particular
que jamais esquecerei, ocupou todo o espaço de tempo da leitura.

Kommentare

  1. E eu que tanto gosto da escrita da Lídia Jorge!
    Obrigada pela informação!

    Abraço

    AntwortenLöschen
  2. Die Erzählung einer Jugend im und nach dem Zweiten Weltkrieg, Karl Heinz Bohrer "Granatsplitter".
    Der Zweite Weltkrieg hat gerade begonnen.
    Der Junge versteht noch nichts, aber er findet Granatsplitter in allen Farben. Man beginnt zu tauschen: blau gegen rot, rot gegen schwarz. Und dann ist da noch das Wort "Krieg". Es klingt schön, aber was bedeutet es?
    Karl Heinz Bohrer, einer der wichtigsten deutschen Intellektuellen, hat alle überrascht.
    Seine "Erzählung einer Jugend" ist nicht nur ein unerwarteter Verkaufserfolg, sondern auch ein gelungener Versuch, Grenzen zu erzählen.
    Was kann einer wissen, wenn er jung ist, aber naiv, neugierig, wissbegierig. Dinge, Worte, Klänge, so sinnlich beginnt alles, erst dann entstehen Bedeutungen, Inhalte, Denksysteme, Ideologien.
    Karl Heinz Bohrer war über viele Jahre Literaturchef der Frankfurter Allgemeinen Zeitung, dann ging er 1973 als Kulturkorrespondent nach London.
    Deutschland hat er immer wieder in aller Schärfe als provinziell gegeißelt: eine Nation muss sich repräsentieren können, die Bundesrepublik bekam das nicht hin.
    Bohrer liebt das Heldenhafte, eines seiner berühmtesten Bücher trägt den Titel "Ästhetik des Schreckens" und feiert die Wahrnehmungsgenauigkeit von Ernst Jünger.
    Nicht von ungefähr verehrt er die großen griechischen Dramen der ersten Generation: Aischylos heißt sein Favorit.
    Ein Euripides ist davon schon eine schwächelnde Schwundstufe. Kurz: Wenn einer aufs existentielle Ganze geht, ist es Karl Heinz Bohrer.

    AntwortenLöschen
  3. Nunca li nada de Lídia Jorge. Mas igualmente agradeço a sugestão... :)

    Beijocas!

    AntwortenLöschen
  4. Olá, como está?
    Sabe que por aqui também andamos numa de contos breves?
    A apresentação tem sido numa aldeia, Barão de São João, (curiosamente onde há muitos alemães a residir permanentemente e que, alguns, têm assistido e até colaborado! É gratificante!
    Saudações poéticas!

    AntwortenLöschen

Kommentar veröffentlichen

Beliebte Posts aus diesem Blog

Jo Nesbø: Ciúmes