Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues

 
Sim, continuamos a dar voltas ao mundo para continuar a lê-lo em voz alta.
Despedimo-nos em junho com A Orelha de Deus da norte-americana Jenny Schwartz, e reencontramo-nos em setembro com Fulgor e Morte de Joaquín Murieta do chileno Pablo Neruda, peça que coloca em cena um herói sul-americano em diáspora autossacrificial por terras do Tio Sam. Murieta não regressará da Califórnia mas as Leituras no Mosteiro prosseguem o seu caminho rumo a sul, com escalas no Chile, Argentina e Brasil.
Viagens exploratórias em busca de vozes que componham um retrato necessariamente fragmentário de uma dramaturgia plural e pujante que
continua a fertilizar os palcos de outras latitudes.
Nelson Rodrigues estabelece a ligação direta com Teatros Íntimos, jornada de estudos e de homenagem ao dramaturgo brasileiro e a August Strindberg (no centenário do nascimento do primeiro e da morte do segundo), organizada pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e pelo Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa.
O dramaturgo e encenador brasileiro José Fernando de Azevedo e Alexandra Moreira da Silva comentam a sessão dedicada à leitura de Boca de Ouro e
Nuno Carinhas dirige uma leitura de O Pelicano.
Em dezembro, regresso à base para nova etapa de divulgação da dramaturgia contemporânea portuguesa, desta feita com incursões nesse outro continente por desbravar a que damos o nome de teatro para a infância.

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  1. Boca de Ouro foi parido num reservado de gafieira e seu primeiro berço foi uma pia de banheiro, onde a mãe o deixou, sob a torneira aberta, num batismo cruel e pagão.
    O menino cresce e se torna bicheiro temido e respeitado — uma figura quase mitológica na comunidade onde vive.
    Boca mandou arrancar todos os seus dentes e implantou dentes de ouro. Ele acreditava que seria enterrado num caixão todo de ouro.
    Diziam que ficava com as mulheres de homens casados e derretia as suas alianças para fazer o caixão.
    Poderoso e carismático, mantinha o autocontrole desde que não falassem da sua mãe e de como nasceu.
    O personagem é descrito através de três relatos diferentes, depois de sua morte.
    Fascinado com a história do contraventor, o jornalista Caveirinha procura uma ex-amante do criminoso, Guigui, a fim de colher material para uma reportagem. No primeiro momento, sem saber que Boca de Ouro está morto, ela o pinta como um homem cruel e insensível, capaz de matar um pobre diabo, Leleco, para ter a sua fiel mulher Celeste. Ao saber da morte do ex-amante, Guigui chora e passa a elogiá-lo, contando a mesma história, desta vez, revelando uma Celeste nada fiel e um Leleco não tão inofensivo. A forma elogiosa como passa a tratar Boca de Ouro irrita o marido, que faz as malas e decide deixar a casa. Com a interferência do repórter Caveirinha, que se sente responsável pela separação, os dois se reconciliam. Guigui conta, então, a terceira versão da história de Boca de Ouro, na qual destaca não só o seu poder e crueldade, mas também as suas inseguranças.

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