Hoje e para quem vive no Porto

 
Em Kabaret Keuner, Fernando Mora Ramos e José Carlos Faria devolvem-nos um Bertolt Brecht enigmático, rude e insolente, que apenas podemos encontrar nos seus poemas e nas magníficas Histórias do Senhor Keuner.
Se há aqui algum didatismo, é um didatismo desconcertante, impróprio para
bem pensantes e criaturas de progressistas intenções.
Porque Keuner é um perguntador cujas afirmações apenas deflagram novas
(e, no entanto, antiquíssimas) dúvidas. Com as suas pequenas histórias e aforismos, Keuner abre brechas no cimento do “Grande Costume”, como o dramaturgo alemão baptizou a força inamovível dos clichés e das verdades instituídas.
O Teatro da Rainha – companhia dirigida por Fernando Mora Ramos que cultiva “os clássicos (desde que contemporâneos) e os contemporâneos
(desde que classicizantes)” – põe este alter-ego de B.B. em cena, instalando
no Salão Nobre do TNSJ um cabaré filosófico, uma aparente contradição nos termos, se tivermos em conta o apreço de Brecht por esse clown metafísico chamado Karl Valentin.
Kabaret Keuner não exibe ligas na perna nem luzes de madrepérola, mas
faz-se de dúvidas burlescas e variedades paradoxais.
Bem-vindos ao cabaré do caviar dialético e da resistência ao lugar-comum.
 
a partir de As Histórias do Senhor Keuner, de
Bertolt Brecht
tradução
José Carlos Faria (cotejada pelos trabalhos de Paulo Quintela, Arnaldo Saraiva, Luís Bruheim e Maria Hermínia Brandão)
encenação
Fernando Mora Ramos
versão cénica, seleção e organização de textos
José Carlos Faria
desenho de luz
Filipe Lopes
interpretação
José Carlos Faria
produção
Teatro da Rainha
estreia
12Mar2011 Teatro da Rainha (Caldas da Rainha)
dur. aprox. 1:00
M/16 anos

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