Sábado à Noite

A semana passou — preciso de vomitar todos os passos, gestos, notícias, projectos, compromissos destes 5 dias.
Preciso de ficar vazia — sem memória.
É escusado lembrar que em Portugal o princípio esperança murchou.
É escusado lembrar os 29 mortos nos protestos de 6ª feira no Egipto.
Muitos egípcios sofrem com a pobreza, o desemprego e a inflação.

Os actuais protestos contra o governo são os mais violentos desde a posse de Mubarak, em 1981.
É escusado lembrar os protestos ocorridos na Tunísia há pouco menos de duas semanas.
O medo da União Europeia diante do avanço islâmico em países como Tunísia, Líbia e Egipto levou-a a ignorar os direitos humanos e a tolerar regimes corruptos e violentos.
É escusado lembrar o Fórum Económico Mundial de Davos, onde empresários e políticos discutem os destinos do mundo.

É escusado lembrar os casos de ameaças e de assédio sexual no navio a vela de treinamento da Marinha alemã, Gorch Fock.


É preciso lembrar Mirco, um miúdo de 10 anos, assassinado por um pai de família, que alega como motivo — frustração e stresse no emprego!
Durante meses — Mirco desapareceu em 3 de Setembro de 2010 — os pais, familiares e amigos de Mirco temeram e esperaram.
Em vão!
Na quarta-feira, a suspeita tornou-se uma triste certeza — em sua casa, foi preso um pai de três filhos, de 45 anos, sem inclinações sádicas ou pedófilas, sendo ele próprio que levou a polícia ao local da descoberta do cadáver.
O culpado declarou que o seu acto foi uma libertação do stresse — apenas algumas horas antes do crime, a caminho de casa, recebeu um telefonena do seu chefe.
Como válvula contra esse stresse, procurou, então, alguém com uma constituição mais fraca, alguém, sobre quem ele pudesse exercer o poder.
Afinal — o culpado é o seu superior.
Que a vida humana, hoje em dia, não valha um chavo é chocante — mas ainda mais chocante é, que o assassino do Mirco, desesperado, tente deitar areia nos olhos das pessoas.

Kommentare

  1. É noite e é sábado, é sim senhora.
    Uma gripe que espirra até ao outro lado da rua, dá febrita e tremeliques, para além de uma vontade de nada fazer, retém-me entre as paredes da minha cubata.
    Tempo para alinhar livros, colocá-los por ordem de entrada nas minhas leituras, e, ainda, para passar os olhos por um amontoado de moedas, à espera de permissão para entrarem na colecção.
    E não é que encontrei uns marcos, sobras das visitas que fiz à terra da senhora Merkel?
    Não sei que lhes faça, pois aquilo para colecção ainda nada valem!
    Óptimo fim de semana.

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  2. Anonym1/29/2011

    É sábado, sim e lá no CR fiz uma descoberta.

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  3. Anonym1/29/2011

    O comentário pirou-se. Volto para terminar. Fiz uma descoberta para animar a noite.

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  4. Teresa
    Os abusos dos mais fortes sobre os mais fracos não vão nunca acabar.
    Sempre assim foi e sempre assim será. Daí que até ao direito à revolta vá apenas um passo.
    Fazem-se muitas atrocidades por esse mundo fora, apesar de me parecer que é em África que se cometem as maiores atrocidades, mas os tiranos agarrados ao poder têm os dias contados.
    A menos que ... o Armajedão tudo resolva.
    Beijinho

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  5. Teresa,
    Concordo consigo!
    Foi uma semana de vómito:(
    Por aqui também ouve notícia fresca sobre os pedófilos que afinal já não o são....

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  6. (não percebi se a Teresa fez uma ligação qualquer entre os textos. Se fez não percebi. Se não fez, não percebo porque os juntou. Apenas quis referir coisas trágicas deste mundo? Acho que se foi isso a lista foi curta...)

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  7. Por outro lado há razões de esperança. Há pessoas que continuam a importar-se como prova o seu blog. E enquanto a assim for há sempre esperança. Parece-me além disso que até é a maioria da humanidade. Está essa maioria demasiadas vezes envergonhada e presa a um cinismo que na verdade apenas diz sentir por vergonha de ser considerada ingénua.

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  8. Os vótimos de cada um são muitíssimo subjectivos, Rogério.

    Claro que há uma ligação entre os dois textos — todos os acontecimentos destes últimos cinco dias, em pouco ou nada me tocaram, enquanto que a morte de uma criança de 10 anos me causou uma grande tristeza — provàvelmente porque sou mãe!

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  9. Pois, estamos habituados a ver a lei do mais forte sobre o mais fraco diariamente, mas choca mais quando o mais fraco é uma criança, ainda por cima o próprio filho!

    Sou contra a pena de morte, mas homens desses deviam ir para a prisão e a chave ser deitada em alto mar!

    Beijocas!

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  10. Curioso, estranho, o que teria sido!?
    É que, quando aqui vim, entrei, e deixei o meu comentário, não havia qualquer texto editado, apenas o título "Sábado à Noite"!
    Daí o comentário ter sido escrito, seguindo, unicamente, o mote do título.
    Agora verifico, com surpresa, estar um texto editado. Neste contexto o meu comentário fica assim com ar de não bater a bota com a perdigota!
    Paciência!
    Na próxima, esperarei a precaver-me, não serei tão lesto!

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