Paul, Ingeborg e o amor

São o par amoroso mais emocionante da história da literatura alemã: Paul Celan e Ingeborg Bachmann.
Ele nasceu na cidade romena de Czernowitz, Bucovina, filho de judeus de língua alemã. No ano de 1942, os seus pais foram deportados para um campo de concentração em Michailowka e ali morreram.
Ela nasceu na cidade austríaca de Klagenfurt, filha do professor Mathias Bachmann, que se juntou ao Partido Nazista em 1932.
Ingeborg e Paul apaixonam-se, na primavera de 1948, em Viena, onde passam dois meses juntos. "O meu quarto parece um campo de papoilas, ele oferece-me inúmeros ramos dessa flor", escreve Bachmann à sua mãe, "conheci o poeta surrealista Paul Celan e ele está maravilhosamente apaixonado por mim".
Celan, com 27 anos, estava de passagem em Viena. Bachmann tinha 21 anos e terminava os estudos de filosofia escrevendo a tese sobre Martin Heidegger. Conheceram-se no apartamento do pintor surrealista francês-alemão Edgar Jené, e imediatamente se sentiram reciprocamente atraídos.
Passados os dois meses em Viena, Celan parte para Paris, Bachmann permanece na cidade e assim inicia-se uma troca de cartas prolongando-se até 1967, interrompida por algumas crises, atingindo um total de 86 cartas.
Herzzeit (Tempo do coração, 2008) é o título da publicação, da editora Suhrkamp, que aconselho a todos os leitores interessados em literatura. É uma sensação no meio literário como testemunho de uma ambígua relação amorosa que influenciou a obra poética de ambos, e que representou os conflitos existenciais de toda uma geração após o Holocausto.
O livro também inclui a correspondência entre Ingeborg Bachmann com a mulher de Celan, Gisèle Celan-Lestrange, e de Paul Celan com o autor suiço Max Frisch, com quem a Bachmann teve uma relação amorosa de quase 4 anos, desde Julho de 1958 até Setembro de 1962.

Kommentare

  1. Teresa
    Estes amores são as papoilas da nossa memória, aquelas que as palavras surdas não explicam. O amor não tem palavras. Tem gestos, olhares, ternuras, entregas incondicionais.
    Só entendo a poesia, na paixão ou na revolta, já que na indiferença ela não existe.
    Como eu entendo esta paixão!

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  2. Não conheço nem um, nem outro, mas essa correspondência após 2 meses de paixão, que se estende por quase 20 anos, soa a grande romance... :)))

    Beijocas!

    ps - todos os dias morrem polvos que comemos, de modo que a morte de um polvo que dizem adivinhador, e transformado em estátua ou embalsamado num museu só pode ser para rir... :D

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