Dueto para Um de Tom Kempinski no Teatro Carlos Alberto do Porto de 8 a 24 de Outubro de 2010

O autor – o londrino Tom Kempinski – é praticamente desconhecido entre nós. A peça, contudo, celebrizou o dramaturgo no West End e na Broadway, tendo sido apresentada em 46 países e merecido a atribuição do London Theatre Critics Award. Na companhia de Carlos Pimenta, encenador com quem o Ensemble vem estreitando relações nas últimas temporadas, a dupla fundadora Emília Silvestre/Jorge Pinto interpreta este árduo Dueto para Um, no qual uma violinista famosa, confinada pela esclerose múltipla a uma cadeira de rodas, confronta a sua condição e identidade em sessões de psiquiatria. À semelhança do que aconteceu com a produção anterior da companhia – Alguém Olhará por Mim, de Frank McGuinness, que incidia sobre a experiência do cativeiro de um jornalista irlandês e seus companheiros no Líbano –, também Dueto para Um explora a matéria a que tão desajeitadamente chamamos “vida real”: a história de Jacqueline du Pré, tida como uma das mais inspiradas intérpretes do violoncelo de sempre, que, no auge da carreira, aos 28 anos, se vê forçada a abandonar os palcos.
Lidando com material de pendor melodramático, Tom Kempinski não cruza a fronteira de um sentimentalismo condescendente, propondo um braço-de-ferro entre um psiquiatra e uma paciente cujos protestos – mais do que as revelações – nos dão a medida exacta do seu sofrimento.


Esta é a primeira de um conjunto de peças sobre artistas e sobre o papel da arte na vida das pessoas, de autores mais ou menos desconhecidos, que o Ensemble pretende dar a conhecer ao público. O teatro a conjurar para o palco os músicos, os pintores, os poetas.
Estes textos reflectem sobre a criatividade e a inspiração, sobre as dúvidas e a persistência, sobre o envelhecimento, sobre os erros, os medos e as paixões… Sobre a vida! Afinal de contas, num mundo onde, ao que parece, o dinheiro é a medida para todas as coisas, porque continuamos a precisar de Pessoa ou de Shakespeare, de Picasso ou de Gershwin? Em Dueto para Um, Stephanie Abrahams não tem dúvidas: "É que Deus não existe, sabe, Dr. Feldmann, mas eu sei aonde foram buscar essa ideia: foram buscá-la à música. É uma espécie de céu. É não-terrena. Eleva-o para fora da vida em direcção a outro lugar".

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