Sempre Saramago

O Rogério do conversa avinagrada lançou o desafio; o Carlos do crónicas do rochedo escolheu O Verão segundo Saramago; o Carlos do conversas daqui e dali rendeu-se às suas palavras. E eu?
O meu primeiro encontro com José Saramago ocorreu há alguns anos com O Evangelho segundo Jesus Cristo. O romance mostra um Jesus cheio de dúvidas e é, com toda a certeza, um dos romances mais polémicos do século XX, escritos na língua portuguesa. Por esse motivo, deixo aqui um excerto, que se pode ler no Evangelho (págs. 210-211 da edição portuguesa):

"Agora vais dizer-me, segundo o que te aconselhem as tuas luzes, se, chegando nós um dia a ser poderosos, permitirá o Senhor que oprimamos os estrangeiros que o mesmo Senhor mandou amar, Israel não poderá querer senão o que o Senhor quer, e o Senhor, porque escolheu este povo, quererá tudo quanto for bom para Israel. Mesmo que seja não amar a quem se devia. Sim, se essa for, finalmente, a sua vontade, De Israel ou do Senhor, De ambos, porque são um. Não violarás o direito do estrangeiro, palavra do Senhor, Quando o estrangeiro o tiver e lho reconheçamos, disse o escriba."

Kommentare

  1. Anonym8/09/2010

    Excelente escolha, Teresa. Quando o livro foi lançado estava em Macau e tive oportunidade de escrever vários artigos sobre a polémica que por ali estalou em torno do livro.
    Está longe de ser dos meus preferidos de Saramago, mas nenhum gerou tanta polémica. Nem mesmo Caim

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  2. Embora seja um fã de Saramago, o que faz muitos considerar o "Evangelho segundo Jesus Cristo" tão bom, não é a qualidade do livro, mas sim a polémica que ele causou e motivações políticas.
    Não só Saramago tem muitas outras obras que literariamente são muito mais ricas (o Memorial, o Ano da Morte de Rcardo Reis, O Ensaio sobre a cegueira, etc.) como Portugal, felizmente, tem muitas, mesmo muitas obras acima do seu polémico evangelho.
    Tal não impede que não seja uma importante obra e que mesmo que o não fosse, não deveria ter sido censurada por um político associado à cultura.

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  3. Amiga Teresa!

    O Evangelho Segundo Jesus Cristo, foi mesmo o meu primeiro livro de Saramago, e amei tanto que nunca mais parei!!!
    Quis começar exactamente pelo mais polémico, o que o levou a ser "excomungado" pelo então governo de Cavaco Silva.
    Li-o num par de dias, em Armação de Pera-Algarve!

    Já li muitas obras do nosso amado José Saramago, actulmente tenho Caim para ler, mas ainda não lhe peguei porque estou com dois outros livros entre mãos.

    Para mim, tudo o que Saramago escreveu é para ler, é lindo, contém mensagens importantes e riquíssimas.

    Gostei imenso da escolha.
    Parabéns!
    Beijinhos

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  4. Teresa,
    Juro que aqui deixei um comentário. às vezes acontece...
    Desaparece!
    Vinha só dizer que considerei este post mais o editado
    em privado...

    (tenho boas noticias das peixeiras do Bolhão...)

    Beijinho

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  5. Agora percebo melhor o teu comentário. ;)

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  6. Porque a curiosidade se me chegou, fui à casota do Rafeiro Perfumado ler o seu comentário lá deixado, e a que ele aqui se refere com um piscar de olhos.
    Lido o comentário e este post, continuo sem perceber porque diz a Teresa não saber se gosta, ou não, de Saramago!
    A escolha deste extracto do Evangelho (excelente, na minha opinião, tal preferência só está ao alcance de quem percebeu o escritor)mais embaraçou a minha incompreensão...mas, porque o editou, não posso deixar de lhe dar os parabéns.
    A minha porta de entrada na obra de Saramago não foi o Evangelho. Iniciei-me na sua leitura, há muitos anos, pelas Crónicas. A certa altura, ao ler uma delas, disse para comigo, como Mozart sobre Beethoven: "Não o percam de vista, um dia há-de dar que falar".
    Depois, encontrei-me com Belimunda, no Memorial.Foi aquela mulher, vendo no interior dos corpos os males que destroem a vida e as verdades que corroem o mundo dos homens,a quem disse o padre Bartolomeu de Gusmão chamar-te-ás Sete-Luas porque vês às escuras,que me levou, definitivamente, para a leitura de Saramago, que nunca mais parei.
    Desculpe a extensão do comentário.
    Um abraço

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