A nova produção da Ensemble é "O avarento", de Molière, que hoje, sexta-feira, estreia no Teatro Carlos Alberto, no Porto, às 21.30 horas

Jorge Pinto, no papel de Harpagão

Sentimos que há, nos últimos anos, um olhar novo sobre Molière, uma nova relação dialéctica entre este genial observador de costumes e o público. Queremos perceber como jogam hoje em cena os seus beatos que não acreditam em Deus, os seus médicos de pouca fé na medicina, os seus advogados que enganam a lei, os seus críticos que não sabem distinguir o bom do mau, os seus pedantes que se servem da ciência para as honrarias do seu prestígio pessoal, as suas mulheres que professam o amor à literatura e ao conhecimento em puro exercício de snobismo, os seus poetas que trocam insultos como vulgares lacaios. Todo um rol de personagens cujas acções contradizem as palavras. Podemos fazê-los jogar em sátira social sem as limitações que Molière encontrou em sua época, com a mesma crença que ele tinha de que o Teatro tem uma vocação moral. Três séculos e meio mais tarde, todos os seus arquétipos continuam a encontrar correspondência nas pessoas que vemos, ouvimos e lemos. Sirvamo-nos deles para atacar o que eles representam, como quis Molière, mas sobretudo criando um sério divertimento. Reler a avareza de Harpagão, reler a ganância dos homens, dos respeitáveis homens de negócios é a oportunidade quase irónica em anos de crise financeira global. Ensemble – Sociedade de Actores


«O Avarento», de Molière, com encenação de Rogério de Carvalho, estreia hoje no Teatro Carlos Alberto, no Porto, e está em cena até dia 20 de Dezembro.
A nova produção da companhia Ensemble retrata em «O Avarento» (1868), aquela pode ser considerada a comédia mais dura de Molière, onde o autor traduz as patologias do humano num predatório jogo burlesco de onde ninguém sai ileso.
Harpagão, um velho viúvo movido pelo egoísmo e pela avareza, protagoniza uma galeria de personagens obsessivas, agarradas à loucura do domínio.
Apesar de ser um texto com três séculos, a peça «transpira» actualidade e encontra correspondências nas pessoas que vemos, ouvimos e lemos, para atacar o que eles representam: "reler a avareza de Harpagão, reler a ganância dos homens, dos respeitáveis homens de negócios é a oportunidade quase irónica em anos de crise financeira global".
Além de Jorge Pinto, no papel de Harpagão, a peça é ainda interpretada por Emília Silvestre (Frosina), Clara Nogueira (Mestre Tiago), Isabel Queirós (Mariana), Pedro Galiza (Cleanto), Vânia Mendes (Elisa), Miguel Eloy (Valério), António Parra1 (Flecha), Júlio Maciel (Anselmo), Tiago Araújo2 (Mestre) e Ivo Luz Silva3 (Bacalhau).

Kommentare

  1. há uns anos tivemos tb uma ótima montagem dessa peça com um grande ator brasileiro. beijos, pedrita

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  2. Vemos, ouvimos e lemos em Moliére ou Shakespeare muitas das características do ser humano actual!

    E se em alguns contornos se percebe que o Homem mudou pouco ao longo dos séculos, noutros torna-se assustador...

    Jinhos, Teresa!

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