Sobre este filme li no Expresso: "O sonho erótico" de Inês Pedrosa A beleza é aquilo que mais abate o nosso fingimento", escreveu Agustina Bessa-Luís, a páginas 24 de "Vale Abraão". A verdade deste aforismo demonstra-se, no seu máximo esplendor, no filme "A Corte do Norte", de João Botelho, adaptação do romance de Agustina com o mesmo título. Os grandes criadores escrevem uma única obra, em contínuo. Agustina, como João Botelho, trabalha sobre o desespero humano - a memória e a culpa, o amor e a ambição. Não há outro tema, aliás, neste mundo. Mas há, num e noutro destes dois criadores, uma ciência sísmica da natureza humana (chamem-lhe intuição, que parece pouco mas diz tudo), a que se acede através desse grau superior do conhecimento que é a sensibilidade erótica - um conhecimento perigoso, infinito, rebelde, que os tempos modernos tentam estancar através de códigos sucessivos de comportamento "saudável" e de uma ilusória libertação da sexu