Deixe o apelido Clinton, que já se parece muito a um casaco coçado e com os cotovelos rotos...

Mais uma piada do nosso Saramago. Leiam o artigo até ao fim e digam a vossa opiniao.

Que Clinton? O marido, que já passou à história? Ou a mulher, cuja história, em minha opinião, só agora vai começar, por muito senadora que tenha sido? Fiquemos-nos com a mulher. Convidada por Barack Obama para secretária de Estado, terá, pela primeira vez, a sua grande oportunidade de mostrar ao mundo e a si mesma o que realmente vale. Obviamente também a teria, e por maioria de razões, se tivesse ganho a eleição para a presidência dos Estados Unidos. Não ganhou. Em todo o caso, como se diz na minha terra, quem não tem cão, caça com gato, e creio que todos estaremos de acordo em que a secretaria de Estado norte-americana, gato não é, mas tigre, felinos um e outro. Apesar da pessoa nunca me ter sido especialmente simpática, desejo a Hillary Diane Rodham os maiores triunfos, o primeiro dos quais será manter-se sempre à altura das suas responsabilidades e da dignidade que a função, por princípio, exige. O que aí fica não é mais que uma introdução ao tema que decidi tratar hoje. O leitor atento terá reparado que escrevi o nome completo da nova secretária de Estado, isto é, Hillary Diane Rodham. Não foi por acaso. Fi-lo para deixar claro que o apelido Clinton não lhe foi dado no nascimento, para mostrar que o seu apelido não é Clinton e que havê-lo tomado, fosse por convenção social, fosse por conveniência política, em nada alterou a verdade das coisas: chama-se Hillary Diane Rodham ou, no caso de preferir abreviar, Hillary Rodham, muito mais atractivo que o gasto e cansado Clinton. Nem um nem outro me conhecem, nunca leram uma linha minha, mas permito-me deixar aqui um conselho, não ao ex-presidente, que nunca aos conselhos deu grande atenção, sobretudo se eram bons. Falo directamente à secretária de Estado. Deixe o apelido Clinton, que já se parece muito a um casaco coçado e com os cotovelos rotos, recupere o seu apelido, Rodham, que suponho ser de seu pai. Se ele ainda é vivo, já pensou no orgulho que sentiria? Seja uma boa filha, dê essa alegria à família. E, de caminho, a todas as mulheres que consideram que a obrigação de levar o apelido do marido foi e continua a ser uma forma mais, e não a menos importante, de diminuição de identidade pessol e de acentuar a submissão que sempre se esperou da mulher.

Kommentare

  1. Que me desculpe o Senhor Saramago.
    Que tem ele a ver com o nome da Senhora?
    Realmente qualquer pai poderá sentir-se muito "vaidoso" com a filha que assuma um cargo destes, mas o orgulho seria únicamente pela filha e não pelo último apelido dela. O seu ( do Pai) esteve e estará sempre com ela, nem que mais não seja pelas marcas individuais e espirituais que lhe deixou.
    Por outro lado o Clinton não deixou a América em maus lençois pelo que não haverá necessidade de o riscar do mapa, nem da mulher sentir vergonha do seu nome.
    Ele faz parte da História...
    O Saramago que me perdoe.
    Também não sei se estarei a ver bem o problema, mas é o meu ponto de vista.

    Um beijinho
    Isabel (Licas)

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  2. Bom Dia Teresa

    Hoje voltei a ser cotovia. O nome Clinton é como uma marca e seria um erro político a Srª. Clinton abdicar dele. De certeza que esta mulher não tem qualquer problema relativamente à sua identidade. Preocupação um pouco despropositada do escritor Saramago. Não são estas mulheres que se submetem, muito pelo contrário, sempre foi uma mulher forte. E faço justiça ao ex Presidente Clinton, foi um bom presidente, melhor do que Putin, melhor do que um qualquer comunista que de poder, os marxistas leninistas são os maiores predadores.

    Se o Pai de Hilary se orgulha ou não, penso que nem tal coisa lhe passará pela cabeça. Só sei que Hilary é mais inteligente do que isso.
    E se sou contundente é por me irritar este discurso de homem preocupado com uma mulher que conhece os meandros da política e sabe utilizar as suas armas, uma delas é o nome e um nome associado a um presidente dos Estados Unidos tem o mesmo peso do dólar. Não brinquemos, o escritor Saramago tem de ir aprender cultura americana.

    Sempre usei o nome do meu Pai, mas isso é uma opção de cada mulher, ou de cada homem, já que agora os homens podem adquirir o apelido da mulher.

    Beijinho
    Isabel

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  3. E por que razão a Srª Clinton não poderia então adoptar o apelido da Mãe?

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  4. Foi a primeira pergunta, que me acorreu ao ler este artigo do Saramago? Se a Clinton devia deixar o apelido do marido, penso que deixar o do pai também era uma oportunidade de se libertar dos homens da vida dela. Hillary, deixa ambos os apelidos e usa o apelido da tua MAMA!!!

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  5. Assumo que não gosto de Saramago.
    Já o disse no meu blog e digo-o de novo aqui.
    Também não sou grande admiradora da Hillary seja ela Clinton ou Rodham. Comprei há uns anos, quando saiu nos Estados Unidos a biografia dela e não me convence.
    Não tenho dívidas que é uma mulher inteligente e competente, mas nunca engoli a cena de "perdoar" ao marido.
    Para mim, é um casamento de fachada, em que ela serviu os interesses dele e ele o interesse e ambição que ela tinha de se candidatar à Presidência.
    O artigo do Saramago é como dizes: uma piada.
    Beijinhos

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