NATAL

Presépio

Sinos repicam
os hinos do Natal!
nas torres das catedrais,
nos campanários da aldeia,
e os das ermidas,
perdidas pelas lombadas das serras,
decerto tocam também!...
- Os anjos são
bons sineiros
e na noite de Natal
nunca se perde ninguém!...

A neve branca e serena
que se desprende dos céus,
é o enxoval de renda
que a Terra leva de oferenda
à nudez do Homem-Deus!...
Traz gelo ao frio da carne,
a Terra má!...
Mas é no cenário branco
que o pranto
vindo das almas,
silencioso e sentido,
mais brilhará!...
Lágrimas de ternura
são no presépio,
a melhor oração,
pois o Menino as recolhe
no coração

Natal! Natal!

Mas eu não posso chorar,
por desgraçada,
lágrimas de ternura!...
Tem dó de mim, meu menino!...
Na caverna do meu peito,
nas palhas de ilusoes mortas,
vem-Te deitar, Pequenino,
e eu trarei o sol no peito,
serei Belém,
e ressuscitarei!...
E apagarei de vez do meu caminho
as estrelas vermelhas que perderam
a certeza de andar pelo infinito
e se suicidaram sobre o mar!...

E os sinos que repicam
Natal! Natal!
por aí fora,
dobrando em mim a finados
agora...,
dirão aos meus ouvidos deslumbrados
o Teu Natal de amor,
o meu natal
para o Amor!...

Helena Lousada