Espólio de Fernando Pessoa impedido de sair de Portugal

No Público

Os herdeiros de Fernando Pessoa, proprietários do espólio que vai ser leiloado pela P4 Photography, a 13 de Novembro, consideram a intenção, hoje anunciada pela Biblioteca Nacional de Portugal em classificar os documentos do poeta como Património Nacional, uma "ridicularia política".
Em declarações à Agência Lusa, Miguel Roza, sobrinho de Fernando Pessoa (1888-1935), e um dos proprietários do espólio, em conjunto com a irmã, Manuela Nogueira, considerou a medida "uma tempestade num copo de água nesta altura".
"É uma ridicularia política porque os documentos que vão a leilão não são os mais importantes e o Governo vem mostrar agora que está interessado em classificar tudo", comentou. Miguel Roza reagiu desta forma ao facto da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) ter iniciado o processo de classificação do espólio do poeta Fernando Pessoa como Património Nacional, no âmbito da lei de bases do património.
Fonte do gabinete jurídico da Biblioteca Nacional confirmou à Lusa que "foi decretado o início do processo de classificação do espólio" e que todas as entidades detentoras de documentos do poeta foram já informadas. "Tendo sido informados todos os possuidores de documentos de Fernando Pessoa, será colocado anúncio no Diário da República a 23 de Outubro, havendo 20 dias para contestação", explicou Jorge Couto, director da BNP.
Dossier inédito Pessoa-Crowley é destaque no leilão da P4
Segundo esta determinação, todos os possuidores não conhecidos, de documentos de Pessoa, devem dar conhecimento do seu paradeiro à Biblioteca Nacional. Esta classificação, esclareceu Jorge Couto, "coloca limitações às movimentações dos documentos que nunca poderão sair de Portugal em termos permanentes, mesmo que mudem de proprietários".
Miguel Roza disse que foi notificado há dois dias e que os herdeiros e a leiloeira P4 entregaram o caso a um advogado "porque se trata de uma questão jurídica".
Documentos, livros, cartas, revistas e fotografias de Fernando Pessoa pertencentes aos herdeiros do poeta integram o lote de documentos que estão previstos ir a leilão em Novembro pela leiloeira P4 Photgraphy. No conjunto está o dossier Pessoa-Crowley - com cerca de 800 páginas - que reúne, entre outros manuscritos, correspondência entre o poeta e o ocultista inglês Aleister Crowley, e a novela policial inacabada que Pessoa escreveu com base no suicídio encenado de Crowley na Boca do Inferno, perto de Cascais, em 1930.
A família detém um espólio disperso que inclui, por exemplo, cerca de trinta livros que foram pertença de Fernando Pessoa, alguns deles oferecidos por outros escritores da época, e que contêm dedicatórias. Num leilão realizado em Dezembro do ano passado, em Lisboa, um particular adquiriu por 11.000 euros uma fotografia de Fernando Pessoa aos dez anos, com uma dedicatória, oferecida pelo poeta a uma amiga.

Kommentare

  1. e espero que o estado vença e que consiga catalogar e preservar o espólio de fernando pessoa. leiloar documentos desse tipo por "herdeiros" só prova que a parte sentimental da herança deixou de existir, apenas ficou o interesse material e, neste caso, que seja a pátria da língua portuguesa a residência dos mesmos.

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  2. Quando li no Público, que os herdeiros de Fernando Pessoa querem leiloar o seu espólio, fiquei tao indignada, que queria escrever umas palavras sobre o assunto, e nao consegui. Espero que o espólio fique em Portugal, caso contrário é um escandalo.

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